Em meio à pandemia, Brasil aprova 118 agrotóxicos
Alguns dos novos produtos liberados estão entre os agrotóxicos a serem reavaliados pela Avisa, devido à suspeita de estarem relacionados a casos de câncer
Por: Mariana Lima
Em plena pandemia de Covid-19, o Governo Federal continua aprovando novos agrotóxicos para serem comercializados no mercado brasileiro. Desde março deste ano foram publicados os registros de 118 produtos, sendo que 84 eram destinados para agricultores e 34 para a indústria.
No mesmo espaço de tempo, empresas produtoras de pesticidas solicitaram ao Ministério da Agricultura a liberação de outros 216 produtos, que no momento estão sendo avaliados pelo governo.
O número de aprovações observado até agora é maior do que o registrado no mesmo período no ano passado, quando 80 agrotóxicos tiveram seus registros publicados. Ainda vale ressaltar que 2019 conquistou o recorde histórico de agrotóxicos aprovados: 475. Com base nos últimos números, 2020 segue no mesmo caminho, com 150 produtos recebendo registro desde o começo do ano.
A continuidade das aprovações ocorrem devido à Medida Provisória 926 e o Decreto 10.282, ambos de 20 de março, em que a prevenção, o controle e a erradicação de pragas e doenças, bem como as atividades de suporte e disponibilização dos insumos à cadeia produtiva, incluindo os defensivos agrícolas, são taxados como atividades essenciais durante a pandemia e que não devem ser interrompidas.
Vale observar que duas substâncias inéditas que estão entre os 128 aprovados são produtos biológicos utilizados na agricultura orgânica. Também foram aprovadas novas versões de agrotóxicos populares e polêmicos, como o Fepronil, um inseticida relacionado com a morte de mais de 500 milhões de abelhas no ano passado.
Devido ao dano que causa aos insetos, essa substância foi banida da União Europeia e está passando por uma reavaliação nos Estados Unidos. Além disso está proibida na França desde 2004, após 40% dos insetos criados nos apiários franceses aparecerem mortos.
Outro produto popular que foi aprovado é o inseticida Clorpirifós, da companhia chinesa Adama. O produto vem saindo do mercado em outros países depois de estudos apontarem para a relação do produto com a má formação no cérebro de bebês, podendo causar redução de QI.
Esse produto foi banido recentemente dos Estados Unidos e da União Européia e sairá desses mercados até julho deste ano. Os dois produtos estão na lista da Anvisa para serem reavaliados para determinar se serão proibidos ou não.
Após uma alteração no Marco Regulatório da Anvisa, ficou decidido que só receberão a classificação de toxicidade máxima os agrotóxicos que resultarem na morte horas depois do individuo tocar ou ingerir o produto. Assim, apenas 6 produtores receberão essa classificação este ano, contra 162 no ano passado.
Fonte: Repórter Brasil