Em São Paulo, bairro ainda depende de água de poço apesar da Covid-19
Moradores de bairro no distrito de Marsilac, extremo sul da capital paulista, enfrentam problemas para conseguir água. Região já registra mortes por Covid-19
Por: Mariana Lima
Em plena cidade de São Paulo – a mais rica do país -, ainda existem moradores sem água encanada em suas casas, que precisam recorrer a minas ou poços caseiros. É o caso de moradores de bairros como o Jardim Emburá, do distrito de Marsilac, localizado do extremo sul da capital paulista.
O cenário já é grave em qualquer contexto, e ainda pior diante de uma pandemia como a atual, em que uma das principais recomendações para evitar contágio pelo novo coronavírus é ter uma série de cuidados de higiene.
Minas e poços não possuem uma garantia constante de acesso, principalmente em outonos secos quando até mesmo neste locais abastecidos pelo lençóis freáticos do solo, a água tende a faltar.
Os moradores já requisitaram, através da associação do bairro SOS Marsilac, um caminhão-pipa à Sabesp, mas até o dia 2 de junho não haviam recebido.
A região vem aguardando há mais de 10 anos a construção de uma estrutura de saneamento. Como se não fosse o bastante, os moradores do bairro que precisam buscar água nas minas e poços caseiros ainda encontram um líquido contaminado com amônia, nitratos e bactérias coliformes fecais.
A Secretaria Municipal de Saúde informou em 2019 que a água da região ainda estava imprópria para consumo humano.
O distrito de Marsilac tem pouco mais de 8 mil habitantes e já registra casos de Covid-19. A Secretaria Municipal de Saúde não detalhou quantos são eles, mas a estimativa é de aproximadamente 136 pessoas infectadas ou com sintomas da doença.
Até o dia 27 de maio, o distrito tinha 7 mortes registradas entre casos suspeitos e confirmados do novo coronavírus.
Ainda não há nenhum caso de Covid-19 que tenha ocorrido pela transmissão por meio de alimentos higienizados por água contaminada. No entanto, o consumo de água não-potável pode prejudicar ainda mais a saúde de quem já está com o vírus.
O Jardim Emburá está localizado em uma área de proteção permanente em São Paulo, mas a instalação de sistemas de água e esgoto no local não é vetada pela legislação estadual. A lei exige apenas que essas obras sejam submetidas a uma licença da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), além das autorizações necessárias por parte da prefeitura.
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente, após ser questionada se pretende ampliar a rede de saneamento básico na região, responde que a Sabesp não pode trabalhar sem as autorizações ambientais e do município, sem esclarecer se tem planos de levar os sistemas de água e esgoto ao Jardim Emburá.
No ano passado, uma obra de R$ 2 milhões desenvolveu a infraestrutura de saneamento básico em um bairro vizinho e que dá nome ao distrito. No total, 280 famílias foram beneficiadas pelo projeto, que envolve a implantação de Estações de Tratamento de Água e redes de distribuição e ligações domiciliares.
Fonte: Agência Mural