Esperança: médicos anunciam 4º paciente curado do HIV
Um homem que vive com HIV desde a década de 1980 foi curado, dizem seus médicos. Ele tornou-se o quarto caso do tipo no mundo.
Um homem que vive com HIV desde a década de 1980 foi curado, dizem seus médicos. Ele tornou-se o quarto caso do tipo no mundo.
O homem é conhecido como o Paciente City of Hope (“Cidade da Esperança”, em português) em homenagem ao hospital onde foi tratado em Duarte, na Califórnia.
Ele recebeu um transplante de medula óssea para tratar uma leucemia, e o doador era naturalmente resistente ao vírus.
O homem de 66 anos, que pediu para não ser identificado, parou de tomar medicamentos para o HIV. Ele disse estar “mais que grato” pelo vírus não poder mais ser encontrado em seu corpo.
Muitos de seus amigos morreram de HIV no passado, antes que os medicamentos antirretrovirais pudessem dar a estas pessoas uma expectativa de vida quase normal.
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) afeta o sistema imunológico do corpo. Ele pode levar à Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) e dificultar a defesa do corpo contra infecções. O caso foi apresentado na conferência Aids 2022, em Montreal, no Canadá.
Ao comentar o anúncio, Sharon Lewin, presidente da Sociedade Internacional da Aids, disse: “A cura continua sendo o Santo Graal da pesquisa do HIV”.
Ela disse que houve “um punhado de casos de cura individual antes” e eles forneceram “esperança contínua para pessoas que vivem com HIV e inspiração para a comunidade científica”.
Em 2019, o Ministério da Saúde alertou que 135 mil brasileiros convivem com o vírus HIV e não sabem. De acordo com os dados, das 900 mil pessoas com HIV, 766 mil foram diagnosticadas, 594 mil fazem tratamento com antirretroviral e 554 mil não transmitem o HIV.
Segundo o médico Karim Ibrahim, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), o número é resultado do preconceito, da falta de informação e do medo.
“As pessoas ficam na esperança de ser negativo. Fazem o teste e não buscam o resultado. Muitos ainda têm no imaginário o cenário da década 1980. O susto e o medo de morrerem rápido. A primeira impressão é a que fica e 40 anos depois ainda é difícil desassociar”, argumenta.
O médico reforça que o peso social do diagnóstico positivo é um fator dominante, uma vez que o estigma ainda se faz presente na sociedade.
“É como se o teste expusesse a intimidade para a sociedade. Muitos desconfiam que têm, mas não fazem o teste. Se fosse apenas o medo, seria o contrário”.
O posicionamento do governo tornou-se um obstáculo difícil de contornar. Em fevereiro de 2020, época em que se discutia a campanha em prol da abstinência sexual entre os jovens, o presidente disse, durante conversa com a imprensa em Brasília, que uma pessoa portadora de HIV é “despesa para todos no Brasil”.
Além disso, ainda no primeiro ano do mandato, Bolsonaro modificou a estrutura do departamento que promove o combate à Aids no Ministério da Saúde.
Fonte: g1