Estudo reúne práticas para o combate à violência contra crianças e adolescentes
O relatório destaca estratégias para o combate a diferentes tipos de violência contra crianças e adolescentes
Por Ana Clara Godoi
A Coalizão Brasileira pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes lançou em julho estudo que reúne práticas inovadoras pelo enfrentamento das violências contra crianças e adolescentes. A iniciativa disponibiliza estratégias em âmbito nacional e outras focadas em diferentes regiões do país.
Dados divulgados no estudo “Práticas inovadoras em prevenção e enfrentamento às violências contra crianças e adolescentes no Brasil” apontam que 35 mil crianças e adolescentes de 0 a 19 anos foram mortos de forma violenta no Brasil entre 2016 e 2020.
Além disso, 81% dos adolescentes de 10 a 19 anos vítimas de violência letal são negros. Estima-se, também, que uma a cada dez crianças com deficiência já sofreu violência sexual.
Diante dos números alarmantes, o estudo destaca abordagens que podem acabar com a violência contra crianças e adolescentes. Entre elas estão a implementação e vigilância do cumprimento das leis, melhor resposta de serviços de apoio, interrupção da propagação de violência e criação de um ambiente escolar seguro.
“O estudo mapeou dez práticas inovadoras pelo enfrentamento das violências contra crianças e adolescentes, trabalhando com diferentes faixas etárias e tipos de violência”, explica Márcia Woods, responsável pela área de advocacy da Fundação José Luiz Edygio Setúbal (FJLES).
Segundo Woods, as práticas debatem a maneira como acessar o jovem e a criança e como é trabalhada a sensibilização para a proteção deles. A arte, a educação, o teatro e a prática esportiva são algumas delas.
“Tudo isso serve para levar mensagens de autocuidado e proteção. Para abrir diálogo de comunicação, para que os jovens possam falar sobre as violências sofridas e criar um vínculo para o trabalho de acolhimento que deve ser feito em seguida da identificação dos casos”.
A Coalizão Brasileira pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes é um acordo entre organizações da sociedade civil que tem como objetivo entender a violência e desenvolver estratégias que, futuramente, podem se tornar políticas públicas para proteger e ajudar esse público.
“As ações da Coalizão servem para a gente pensar em intervenções mais eficazes e assertivas para o enfrentamento da violência”, afirma.
Criada em 2017, a Coalizão conta com cerce de 50 organizações e instituições que se dedicam ao tema. Uma delas é a Fundação José Luiz Edygio Setúbal.
“A Fundação tem foco na saúde da criança e do adolescente. Nós estabelecemos três prioridades para essa década: saúde mental, segurança alimentar e imunização. A questão da violência vem atrelada à saúde mental, como um dos gatilhos para os transtornos mentais”, explica.
A FJLES é membro da Coalizão e financia as atividades com foco em advocacy. Além disso, a FJLES também é responsável pelo financiamento do capítulo sobre violência contra crianças e adolescentes no Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que na edição de 2022 destacou diversos tipos de violência, como maus tratos.