Falta de verba paralisa produção de remédios contra o câncer no Brasil
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), responsável pela produção de 85% dos materiais e medicamentos usados para diagnóstico e tratamento do câncer no Brasil, precisou interromper sua linha de produção por falta de verba federal
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) anunciou que deixou de fabricar materiais e medicamentos usados para o diagnóstico e o tratamento de câncer por falta de dinheiro.
O Ipen produz 85% do que o Brasil usa dessas substâncias. Mas, por falta de verba federal, o instituto não conseguiu mais comprar os insumos usados na produção.
Luis Antonio Genova, pesquisador do instituto e também diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de São Paulo, explica que a falta de recursos já era um problema anunciado.
“O Ipen sofreu um corte bastante severo no orçamento. Então desde o início do ano já se sabia que a situação ia chegar a esse ponto. Estão faltando mais de R$ 70 milhões para a gente terminar o ano, ainda assim sem contar a valorização do dólar, porque tem muita parte assim que é importada”, diz.
Só há menos de um mês o governo federal enviou ao Congresso um projeto de lei para liberar crédito suplementar ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, ao qual o Ipen está subordinado. O texto ainda não foi votado.
Quando o Ipen receber mais recursos, não será de um dia para o outro que terá de volta os insumos importados e retomará a produção.
“Para importar não é um produto de prateleira. Tem que ter todo um planejamento, porque o outro país vai irradiar nos seus reatores nucleares. Então tem toda uma programação. Você não consegue reverter a situação de uma hora para outra. Durante esta semana, por exemplo, não produz mais nada”, afirma Luis Antonio.
A produção parada já está obrigando hospitais e clínicas a suspender exames e sessões de tratamento.
Fonte: g1