País da fome: 1 a cada 4 brasileiros ficou sem comida nos últimos meses
Famílias com crianças sentiram mais a fome: em 35% das casas com crianças de até 6 anos, houve menos comida na mesa do que o suficiente, nos últimos meses. A fome atingiu 19 milhões de brasileiros em 2020
Antes da chegada da pandemia, o Brasil já enfrentava uma grave crise, com milhões de desempregados e 17 pessoas morrendo de fome por dia no país. Com a chegada da pandemia de covid-19, a situação se agravou ainda mais.
Um a cada quatro brasileiros diz que a quantidade de comida na mesa para alimentar a família foi menos que o mínimo ideal nos últimos meses, durante a pandemia da Covid-19, revela uma nova pesquisa Datafolha.
De acordo com o levantamento, 88% dos entrevistados informaram perceber que a fome no país aumentou. A situação é sentida com maior intensidade entre mulheres, negros e pessoas menos escolarizadas.
No total, faltou comida para 40% dos que têm apenas o ensino fundamental completo. A fome foi mais sentida também entre moradores da região Nordeste.
Outro fator relacionado à fome foi a quantidade de adultos trabalhando: onde só um adulto trabalha, 29% tiveram menos comida que o suficiente. Onde nenhum trabalha, o número salta para 35%.
A pesquisa ainda indica que quem recebeu auxílio emergencial do governo em 2021 foi quem mais sentiu o peso da fome nos últimos meses. 41% desse grupo diz que faltou comida.
Neste ano, o auxílio foi menor do que o oferecido no ano passado. Em 2020, o governo pagou a quem não tinha renda na pandemia R$ 600 por mês, inicialmente, e R$ 300 nos últimos meses. Em 2021, o pagamento baixou para valores entre R$ 150 e R$ 375.
Outra questão apontada pela pesquisa é que famílias com crianças sentiram mais a fome: em 35% das casas com crianças de até 6 anos, houve menos comida na mesa do que o suficiente.
Considerando os diferentes graus de insegurança alimentar, 116,8 milhões de pessoas no Brasil foram afetadas no ano passado, o que corresponde a 55,2% dos domicílios. A fome atingiu 19 milhões de brasileiros durante a pandemia de Covid-19 em 2020.
Fonte: Folha de S. Paulo