Homem ataca padre Júlio Lancellotti por distribuir comida a pessoas vulneráveis
O invasor aos gritos disse: “Ah, vai sustentar vagabundo”. Ele tinha como alvo a campanha de distribuição de alimentos a pessoas vulneráveis. O homem ainda jogou um celular contra o padre e as pessoas presentes.
Um homem entrou na igreja onde o padre Júlio Lancellotti celebrava uma missa na manhã desta sexta-feira (10/03) e interrompeu a celebração. O invasor aos gritos disse: “Ah, vai sustentar vagabundo”. Ele tinha como alvo a campanha de distribuição de alimentos a pessoas vulneráveis.
“Este morador da Mooca, hoje, invadiu a igreja interrompeu a missa aos gritos e me insultou por causa da pastoral de rua. Jogou o celular contra nós e proferiu ameaças”, postou o sacerdote em rede social.
Segundo o padre, o autor das ameaças ainda voltou a lhe fazer provocações, já do lado de fora da igreja, depois da interrupção da missa. Ele criticava de forma exaltada as ações sociais que a comunidade da igreja realiza para as pessoas em situação de rua da região. Mais cedo, padre Júlio havia realizado uma distribuição de alimentos num centro comunitário.
O ativista de direitos humanos, Lucas Louback, também fez uma postagem sobre o caso e apresentou mais detalhes. Lucas relatou que a invasão ocorreu no sacramento da Eucaristia, um momento importante da missa em que o sacerdote promove a transfiguração do pão e do vinho no corpo e sangue de Jesus Cristo, em memória de sua morte e ressureição, conforme ditam os dogmas do catolicismo.
“O padre é muito bom”, disse uma das pessoas ajudadas, em vídeo publicado nesta sexta-feira.
“Durante o momento da Eucaristia celebrada pelo padre Júlio Lancelotti um homem interrompeu a violentamente missa. Isso ocorreu minutos antes a distribuição do café para população em situação de rua e vulnerabilidade”, relatou Lucas.
O autor do post definiu a situação como “aporofobia”, e explicou: “O ódio do homem era contra a população de rua e ao padre por ajudá-los”, acrescentando que tal sentimento foi “direcionado a pessoas e à caridade, e não ao que gera esse quadro”.
Essa não foi a primeira vez que o padre foi alvo de intolerância. Em dezembro de 2022, ele postou uma foto nas redes sociais segurando a imagem de um menino Jesus negro, diante da celebração do Natal. Lancellotti acabou recebendo críticas pela cor da pele do bebê Jesus. O religioso foi acusado de promover uma “militância”, “lacrar” e tentar “mudar a história”. Em entrevista, ele disse acreditar que o episódio pode ser entendido como um retrato do preconceito racial muito presente no país.
Fonte: O Globo