Idosa de 82 anos é resgatada após 27 anos de trabalho escravo
Uma idosa de 82 anos foi resgatada em Ribeirão Preto-SP, depois de trabalhar 27 anos em regime análogo à escravidão.
Uma idosa de 82 anos foi resgatada da residência de uma médica e de um empresário em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo (SP), após ser mantida em regime análogo à escravidão por 27 anos, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT).
De acordo com informações divulgadas nesta quarta-feira (07/12) pelo MPT, a empregada doméstica não teve acesso a salário nem folga por quase três décadas de trabalho escravo.
Na última sexta-feira (02/12), a Justiça bloqueou R$ 815,3 mil em bens dos acusados. O montante será transferido para a mulher, com objetivo de reparação pelos abusos praticados pelos empregadores, informou o órgão.
Ainda de acordo com o MPT, a idosa, uma mulher negra e analfabeta, trabalhava com a esperança de que a patroa estivesse juntando dinheiro para que ela realizasse o sonho de comprar a casa própria.
No entanto, provas obtidas pelo MPT indicam que os patrões deixaram de pagar os salários, com a justificativa de que estariam “guardando dinheiro para ela”.
Além do MPT, a força-tarefa deflagrada em 24 de outubro contou com membros do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP) e da Polícia Militar (PM).
Em depoimento, a vítima contou que os patrões enviaram aproximadamente R$ 100 todos os meses ao seu irmão, que mora em Jardinópolis (SP), a 22,6 quilômetros de Ribeirão Preto.
A idosa é inscrita no Benefício Previdenciário Continuado (BCP), mas a médica impedia que a empregada tivesse acesso ao cartão de saque, segundo o MPT.
Segundo o procurador Henrique Correia, a mulher começou a trabalhar como doméstica na infância, na casa de outra família. Ela se mudou para o imóvel do empresário e da médica após a morte da antiga patroa.
“Mulher, negra, de origem humilde, analfabeta, ela é mais um exemplo de interseccionalidade, uma vez que evidencia a sobreposição de opressões e discriminações existentes em nossa sociedade, as quais permitiram que tantos anos se passassem sem que a presente situação de exploração fosse descoberta pela comunidade que rodeava a família”, diz o procurador.
Fonte: g1