Física quer resgatar a contribuição de pessoas negras nas ciências exatas
Projeto realizado pela doutoranda em física Carleane Patrícia pretende estimular jovens a seguirem na área a partir do resgate de referências negras
Por: Mariana Lima
Nascida no estado do Maranhão, na cidade de Imperatriz, Carleane Patrícia ficava encantada quando, na infância, via o tio eletricista entrar em casa com objetos quebrados e sair com eles funcionando.
Já no ensino médio, quando morava na capital São Luís, Carleane descobriu que muitas coisas que lhe despertavam o interesse poderiam ser estudadas na área da física.
Ao prestar o vestibular, Carleane não conseguia acreditar que poderia passar, tanto que sequer olhou a própria nota. Foi um amigo que, sem ela saber, matriculou a jovem no curso de física da Universidade Federal do Maranhão.
Após concluir a graduação, ela foi cursar o mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina. Já no Sul do país, Carleane passou a se questionar de forma mais intensa sobre questões relacionadas à raça, especialmente por causa da falta de referências negras nas ciências exatas.
Mas, ao ler livros como ‘Descolonizando a Ciência’, de Katemari Rosa, ela pôde conhecer a contribuição científica de seus antepassados.
O contato com esses materiais a levou a criar em 2018 o perfil ‘Preto nas Exatas’, que acabou sendo desativado por conta de ataques racistas.
No ano passado, em meio à pandemia da Covid-19, ela resolveu tirar do papel um novo projeto: o canal no YouTube e o perfil no Instagram Física Preta.
No canal, além de mostrar um pouco de suas pesquisas e o dia a dia no laboratório, Carleane traz conteúdos que buscam ampliar a representatividade das pessoas pretas nas ciências exatas.
Com a série de vídeos ‘Invenção de Preto’, Carleane apresenta invenções que são utilizadas em nosso cotidiano e não sabemos que foram feitas por pessoas negras, como a tecnologia 3D e o GPS.
Pelo trabalho que realiza com o canal, Carleane recebe mensagens de jovens negros e periféricos que nunca haviam acreditado que fosse possível serem físicos e agora têm o sonho de seguir uma carreira na área.
Buscando aproximar ainda mais os jovens, ela busca sempre falar de forma acessível e divertida, com exemplos do dia a dia, como a receita de bolo: “colocar X gramas de fermento, Y de farinha é física”, explica em entrevista à revista Trip.
Hoje, doutoranda em física, Carleane trabalha desenvolvendo dispositivos de armazenamento de energia limpa.
Fonte: Revista Trip
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