Instituto Alana leva pauta das crianças à COP 28
Junto a organizações de 13 países diferentes, Instituto Alana faz alerta na COP 28 às condições precárias de vida das cerca de 1 bilhão de crianças diante das crises sociais e climáticas
Por Redação
Quase metade das crianças do mundo – 1 bilhão do total de 2,2 bilhões – vive em condições de risco climático extremamente elevado, em áreas sujeitas a enchentes, ondas de calor e outros fenômenos severos, segundo o UNICEF. Estima-se que mais de uma em cada quatro mortes de crianças com menos de 5 anos está direta ou indiretamente relacionada a riscos ambientais.
O Alana, organização que atua em prol dos direitos de crianças e adolescentes, alerta que, até o momento, nenhuma decisão tomada no âmbito da COP, a Conferência do Clima da ONU, teve como foco a proteção desse público frente à crise climática. Atualmente, apenas 2,4% dos principais fundos climáticos multilaterais apoiam programas que levam crianças e adolescentes em consideração.
Embora já bastante afetadas e sem ter qualquer responsabilidade pela situação atual, as crianças não são ouvidas ou priorizadas nas discussões e negociações da reunião anual da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), na qual países membros discutem a emergência climática e buscam fechar acordos com o objetivo de frear o aumento da temperatura da Terra. Para reverter essa condição em prol da construção de uma COP centrada nas crianças (#COPdasCrianças), o Alana propõe ações urgentes para que esse público seja contemplado durante as negociações da COP 28, realizada entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes.
Neste ano, o Alana, juntamente com outras organizações parceiras, leva para o evento vozes de crianças de 13 países – Austrália, Barbados, Brasil, Cazaquistão, Egito, Emirados Árabes, Estados Unidos, Kiribati, Madagascar, Malásia, Paquistão, Sérvia e Somália –, por meio de seis filmes desenvolvidos pela agência Fbiz. No filme “The Important Stuff”, que será divulgado no Leader´s Event Youth & Education – The Latent Force of Climate Action, no dia 2 de dezembro, as crianças relatam como suas vidas têm sido afetadas pelas emergências climáticas, expressam suas preocupações e medos, além de cobrar ações efetivas e soluções imediatas das autoridades.
Junto com organizações internacionais, o Alana vem abrindo espaços de articulação e de incidência direta nas negociações para que planos de adaptação e mitigação, financiamento para perdas e danos, dentre outros mecanismos, passem a considerar as necessidades específicas das crianças e a contemplá-las de forma ampla, observando seus direitos e interesses, além de ouvi-las nos espaços de debate e incluí-las nos acordos firmados.
Na COP27, que aconteceu em 2022 no Egito, esse grupo de organizações conseguiu resultados significativos com a campanha #KidsFirst: crianças foram citadas de forma expressiva nas minutas de negociação e também na decisão de capa da UNFCCC.
Na COP28, o objetivo do Alana é consolidar politicamente esse plano, focando no diálogo com a presidência, a cargo dos Emirados Árabes, e na articulação com outros países pelo endosso a essa pauta. Entre os objetivos de um Plano de Ação para as Crianças destacam-se: participação e liderança das crianças em todos os processos, como parte da delegação nacional oficial; inclusão das necessidades das crianças na agenda do Plano de Ação; criação de espaços adequados para a participação das crianças na COP; implementação e medidas de ação climática sensíveis às crianças, colocando a defesa de seus direitos como uma preocupação central na resposta à crise climática; medidas para as crianças afetadas pela desigualdade e pela discriminação; monitoramento e reporte da implementação dessas medidas e da defesa geral dos interesses das crianças e adolescentes.
A organização também atuou em ações para inibir o garimpo ilegal, que afeta a vida a saúde e o futuro de crianças indígenas. E na criação do documento “Legal Policy Brief – O direito das crianças e dos adolescentes à natureza e a um ambiente saudável”, que reúne os principais fundamentos jurídicos sobre os direitos das crianças ao acesso e à conexão com a natureza, em uma abordagem ampliada dos direitos à proteção e à conservação ambiental.
O Alana é um grupo de impacto socioambiental que promove e inspira um mundo melhor para as crianças. O Alana é um sistema de três esferas interligadas, interdependentes, de atuação convergente, orientadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.