Inventora queniana transforma lixo plástico em blocos de construção
A inventora queniana Nzambi Matee desenvolveu uma máquina que transforma plástico descartado em pedras de pavimentação duráveis e acessíveis
Por: Mariana Lima
Nzambi Matee é uma jovem queniana de 29 anos que atraiu atenção global após seu projeto de reciclagem de resíduos de plástico viralizar. A inventora e empreendedora social desenvolveu uma máquina que transforma plástico descartado em pedras de pavimentação duráveis e acessíveis.
A invenção, usada por sua empresa, a Gjenge Makers, é capaz de produzir 1.500 blocos diariamente a partir de mais de meia tonelada de resíduos plásticos. Até agora, ela já transformou 20 toneladas de lixo.
Por essa iniciativa, a inventora queniana foi uma das vencedoras do prêmio ‘Jovens Campeões da Terra’, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 2020.
O trabalho da empresa dá a chance de transformar em algo útil as garrafas de plástico e outros recipientes que acabariam em aterros sanitários ou até nas ruas da cidade.
São produzidos três tipos de pavimentos: de alta resistência (com 60 mm de espessura), ideal para estradas e áreas de operação de maquinário pesado ou para áreas de estacionamento; de resistência moderada (40 mm), melhor para instalações comerciais; e de leve resistência (30 mm), para trilhas e complexos domésticos em áreas onde não há tráfego de máquinas pesadas.
De acordo com a inventora queniana, mesmo o tipo mais simples ainda é duas vezes mais forte do que blocos de concreto comuns. A descoberta da técnica demorou e foram nove meses para fazer o primeiro tijolo. Logo depois, Nzambi construiu uma máquina para produzir em massa os tijolos de plástico.
A jovem tem formação em física e engenharia de materiais e é apaixonada por criar soluções sustentáveis. Em uma entrevista recente à emissora americana CBS, ela revelou que sua principal motivação para se aventurar no projeto era lidar com a poluição do meio ambiente.
Com sede na capital do Quênia, Nairóbi, sua empresa obtém os materiais plásticos principalmente do aterro sanitário de Dandora, maior depósito de lixo da cidade.
Estima-se que o espaço receba, diariamente, mais de 2 mil toneladas métricas de resíduos vindos dos 4,5 milhões de habitantes da capital. Ela também coleta materiais plásticos que flutuam nos rios de Nairóbi.
A inventora queniana já tinha uma empresa de coleta e seleção de resíduos plásticos antes da criação do bloco sustentável. A ideia do produto surgiu justamente de uma demanda que a sua equipe encontrou: o volume de lixo coletado para venda era maior do que as empresas de reciclagem podiam comprar e absorver.
Com isso veio o interesse de agregar valor a esse material. Foi assim que a Gjenge Makers nasceu: como uma empresa de fabricação de produtos de construção sustentáveis, alternativos e acessíveis.
Neste cenário, Nzambi Matee não está combatendo apenas um, mas dois problemas. E dos grandes. Além de ajudar a combater a poluição, também está contribuindo para sanar o problema de habitação no Quênia.
Fonte: ECOA | UOL