Jogo digital promove educação e conscientização de tradições indígenas
O Leetra, laboratório da UFSCar, inova ao transformar lendas indígenas em jogos digitais; iniciativa promove educação interativa e preservação cultural.
Por Redação
O resgate e revitalização das línguas, mitos e tradições indígenas emergiram como elementos vitais na reconfiguração multicultural do Brasil. Integrados às tecnologias contemporâneas e acolhidos pelas gerações mais jovens, esses conhecimentos ancestrais não apenas ampliam horizontes cognitivos, mas também propõem novas formas de existir e se relacionar com o mundo. No epicentro desse movimento está o Laboratório de Pesquisa Linguagens em Tradução (Leetra) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), apoiado pela FAPESP; seus esforços concentram-se na recriação de lendas indígenas, transformando-as em cativantes jogos digitais.
Um exemplo recente desse esforço criativo é o jogo digital “Kawã na terra dos indígenas maraguá”, lançado após o sucesso de “Jeriguigui e o Jaguar na terra dos bororos”. Desenvolvido com o propósito de apoiar práticas interdisciplinares de alfabetização e letramento, o jogo é destinado a alunos e professores de escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental I. A narrativa imersiva busca não apenas entreter, mas também educar, proporcionando uma experiência educacional inovadora.
Os Maraguá, uma comunidade indígena situada no Baixo Amazonas, são os protagonistas da trama. Ainda não contemplados no catálogo “Povos Indígenas no Brasil” do Instituto Socioambiental (ISA), esses indivíduos habitam as margens do rio Abacaxis, enfrentando desafios contemporâneos, incluindo violências decorrentes da pesca ilegal. Ao destacar a riqueza cultural dos Maraguá, o jogo mergulha nas tradições dos grandes guerreiros, caçadores destemidos e pescadores habilidosos, proporcionando uma visão autêntica da vida dessas comunidades.
Maria Silvia Cintra Martins, inspirada pela literatura Maraguá, incluindo obras de escritores indígenas notáveis como Elias Yaguakãg, Lia Minapoty, Roni Wasiry Guará, Uziel Guaynê e Yaguarê Yamã, transforma essas histórias em elementos interativos. Além de descrever rituais e tradições, o jogo introduz personagens como os Zorak, homens-morcegos ligados ao imaginário dos Maraguá, expandindo ainda mais o universo narrativo.
Finalmente, o jogo não é apenas uma obra de entretenimento educacional, mas também se alinha aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Ao preservar e disseminar as tradições indígenas, o Leetra contribui para a promoção da educação de qualidade (ODS 4), o fortalecimento das comunidades (ODS 11) e a parceria para atingir objetivos comuns (ODS 17), promovendo assim uma sociedade mais inclusiva e sustentável.
Fonte: Agência FAPESP.