Líder quilombola assassinada era ameaçada por madeireiros ilegais
Bernadete Pacífico estava sob proteção da Polícia Militar, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH) há pelo menos dois anos. A líder quilombola, assassinada na associação do Quilombo Pitanga dos Palmares, era ameaçada por madeireiros ilegais.
Bernadete Pacífico, de 72 anos, liderança quilombola baiana e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), que foi assassinada a tiros dentro da associação do Quilombo Pitanga dos Palmares, ontem (17/08), estava sendo ameaçada por madeireiros ilegais.
Bernadete Pacífico estava sob proteção da Polícia Militar, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH) há pelo menos dois anos.
“Ela entrou no programa há dois anos. Bernadete recebia ameaças de várias frentes, que foram intensificadas quando madeireiros ilegais passaram a ameaçá-la. Ela sempre deixou claro os riscos que corria e ficou sob o programa a pedido dela mesma”, detalhou o advogado.
Há cerca de um mês, a quilombola também tinha relatado a situação à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. O advogado relatou ainda que, dias antes de morrer, Bernadete havia falado que as ameaças feita pelos madeireiros haviam se intensificado.
A extração de madeira na comunidade quilombola onde Bernadete morava é ilegal, porque se trata de uma Área de Proteção Ambiental (APA). Por isso, os madeireiros eram denunciados por Bernadete e a ameaçavam.
O quilombo Pitanga dos Palmares, que era liderado por Bernadete, é responsável por uma associação onde mais de 120 agricultores produzem e vendem farinha para vatapá, além de frutas e verduras como abacaxi, banana da terra, inhame e maracujá. Cerca de 290 famílias vivem no local de 854 hectares. O quilombo foi certificado em 2004, mas ainda não teve o processo de titulação concluído.
“Recentemente ela relatou para a gente, em três ocasiões, que pessoas passavam pela casa dela à noite dando tiro para cima, como se fosse uma espécie de recado, de aviso.
O assassinato da líder quilombola será investigado por uma força-tarefa, por determinação da delegada-geral da Polícia Civil, Heloisa Campos de Brito. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o crime foi cometido por dois homens.
A Organização das Nações Unidas (ONU) desenvolveu uma série de objetivos ambiciosos no ano de 2015 por meio de um “Pacto Global”, que envolve os seus 193 países membros. O projeto da ONU contempla 17 ODS, ou seja, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O esforço em conjunto integra diversos setores dos países membros, como empresas, OSCs e a própria sociedade civil. Ou seja, todos devem somar forças para atingir as mesmas metas que, no final das contas, impactam a vida de todas e todos.
O assassinado da líder quilombola é um retrocesso ao ODS 16, que tem como meta reduzir significativamente todas as formas de violência e as taxas de mortalidade relacionada em todos os lugares.
Fonte: g1