Lista: 7 professores brasileiros que você precisa conhecer
Em comemoração ao Dia Nacional do Professor, o Observatório realizou uma lista com professores inspiradores no país que você precisa conhecer
Por: Mariana Lima
Todos os anos, no dia 15 de outubro, é comemorado no Brasil o dia do profissional que forma todos os outros profissionais: o professor. Apesar da relevância desta profissão na sociedade, apenas 3,3% dos estudantes brasileiros querem ser tornar professores, segundo levantamento realizado pelo Interdisciplinar e Evidências no Debate Educacional (Iede).
A violência, baixos salários e a precariedade do ensino são fatores que afastam os jovens da profissão e desmotivam diversos profissionais. Porém, alguns professores brasileiros fizeram e ainda fazem trabalhos que buscam transformar a vida de seus alunos e da sociedade.
Produzimos essa lista para que você possa conhecer os trabalhos de alguns destes educadores.
- Paulo Freire
Educador e filósofo reconhecido internacionalmente, Paulo Freire é Patrono da Educação Brasileira. Freire cresceu na periferia da cidade de Recife, tendo contato com a fome e pobreza que o marcou de tal forma que já adulto dedicou seu trabalho aos mais pobres, desenvolvendo um método revolucionário de alfabetização.
Foi em 1961, enquanto ocupava o cargo de diretor de Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife, que Freire e sua equipe realizaram as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do Método Paulo Freire. Durante este trabalho, Freire conseguiu alfabetizar 300 cortadores de cana em apenas 45 dias.
É um dos brasileiros mais homenageados da história. Ele recebeu 41 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades de Harvard, Cambridge e Oxford.
- Yvonne Bezerra de Mello
A professora Yvonne Bezerra de Mello é a criadora da escola Projeto Uerê, localizado na favela da Maré, que funciona desde 1998, com o objetivo de ensinar crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem por consequência de traumas provocados pela convivência diária com a violência em comunidades, no espaço familiar e nas ruas.
Foi durante a faculdade que Yvonne desenvolveu seu método, através da tese ‘Problemas Cognitivos de Crianças e Jovens em Países de Guerra’. Ela visitou escolas de países do continente africano para ver as dificuldades das crianças que viviam em locais de constante violência e como melhorar os bloqueios emocionais delas.
Yvonne se tornou uma figura conhecida após o Massacre da Candelária. Ela foi a primeira testemunha a chegar ao local, chamada pelas crianças que viviam nas ruas da região. Ela havia desenvolvido grupos de estudos com crianças que moravam nos bairros da Candelária, Copacabana (RJ), se tornando uma figura querida por eles.
- Débora Garofalo
A professora Débora Garofalo é formada em Letras, mas se embrenhou pelas áreas de robótica e tecnologia com seus alunos. Na escola pública em que atuava, na periferia do Jabaquara – bairro da capital de São Paulo, Débora viu a dificuldade de envolver seus alunos nas aulas.
O bairro em que a escola fica enfrenta problemas com alagamentos, excesso de lixo, e poucas áreas de lazer. Assim, Débora resolveu reunir sua turma para recolher o lixo ao redor na escola e, a partir do material encontrado, construir aparelhos de robótica.
Com essa iniciativa, a professora criou o projeto Robótica com Sucata. Débora queria levar o conhecimento tecnológico para a escola pública, além de motivá-los nos estudos. Como resultado, ela ficou entre os 10 professores finalistas do Global Teacher Prizer 2019, considerado o ‘Nobel da Educação’, prêmio anual que elege o melhor professor do mundo.
- Jayse Ferreira
O professor Jayse Ferreira também ficou entre os 10 finalistas do Global Teacher Prizer 2019 junto com Débora. Mas, ao contrário da colega que desenvolveu trabalhos com a tecnologia, Jayse prefere usar a arte com seus alunos.
O professor de educação artística leciona em uma cidade pequena, localizada na divisa entre Pernambuco e a Paraíba. Na escola ele desenvolve projetos ligados a linguagem do audiovisual, como a produção de curtas, filmes e ensaios fotográficos com seus alunos, impactando diretamente a comunidade escolar que se envolveu nas produções.
Seu empenho resultou no projeto “Vamos resumir essa história?”. Até a iniciativa do professor, poucos alunos tinham tido contato com o cinema ou pensavam em continuar os estudos, já que a região é muito pobre e sofre com a violência.
- Cibele Racy
Diretora da EMEI Nelson Mandela, localizada no bairro do Limão, zona norte de São Paulo, Cibele Racy trouxe uma nova perspectiva para uma educação básica inclusiva, diversa e pública. Filha de uma educadora, Cibele sempre foi uma criança imaginativa. Motivada por uma professora inspiradora que teve, fez da educação seu caminho. Ela chegou na EMEI Nelson Mandela há 15 anos, e desde então implementou transformações que fizeram da escola uma referência.
A escola faz a integração de alunos em idades variadas; promove a autonomia das crianças através de projetos como Diretor por um dia; envolve as crianças em todas as etapas da produção de alimentos (plantar, criar receitas e cozinhar o que colhem); e estimula a criatividade com aulas de experimentos científicos.
O grau mais inovador da instituição foi dar extensa prioridade para o ensino da cultura africana através da família Abayaomi, promovendo uma relação de pertencimento entre as crianças e esse conhecimento. Por seus trabalhos em prol da igualdade a escola já recebeu diversos prêmios.
- Débora Seabra
Débora Seabra é a 1° professora com Síndrome de Down brasileira. Ela trabalha como professora assistente em uma escola particular de ensino fundamental no Rio Grande do Norte (RN).
Débora precisou enfrentar diversos obstáculos para realizar o sonho de atuar como profissional da educação. Durante o curso de magistério, Débora decidiu não entrar na sala de aula até ser aceita como igual. Foi durante esse período que ela chegou a ser agredida e a passar por situações constrangedoras promovidas por seus colegas de classe.
Na escola em que trabalha, Débora desenvolve atividades com crianças de 6 a 7 anos que estão no 1° ano do ensino fundamental. A professora já viajou pelo país e pelo exterior, para dar palestras sobre o combate ao preconceito nas salas de aula.
A professora também lançou o livro “Débora Conta Histórias”, com diversas fábulas infantis que abordam de forma sutil a tolerância, o respeito e a amizade. Em 2015, foi a 1° pessoa com Down a receber o prêmio Darcy Ribeiro de Educação.
- Maria Teresa Mantoan
A pedagoga, mestre e doutora em Educação, Maria Teresa Mantoan, é uma das maiores defensoras da educação inclusiva no país. A educadora é atualmente uma das principais críticas as escolas especiais. Até 1989, ela defendia o modelo, mas após uma visita a Portugal, sua visão mudou quando pode presenciar uma experiência bem-sucedida de inclusão.
Voltando para o Brasil, Maria Teresa – que atua desde 1988 como professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – passou a ser uma pesquisadora das diferenças. Fundou junto aos seus alunos o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade.
Maria Teresa é uma das mais importantes pesquisadoras da atualidade sobre a educação no Brasil. Em 2011, recebeu a Ordem Nacional do Mérito Educacional, um importante prêmio por sua atuação na área da educação. Ela dedica-se ao direito incondicional de todos os alunos à educação, desde o nível escolar básico até o ensino superior.