Mapa da Desigualdade denuncia disparidade entre periferias e bairros centrais de São Paulo
Como a desigualdade é refletida na cidade mais rica do país? Segundo o Mapa da Desigualdade 2023, divulgado pela Rede Nossa São Paulo, o índice de mortalidade muda de acordo com os bairros da cidade; enquanto nas periferias vive-se em média até 59 anos, em bairros centrais o número sobe para 82.
Por Redação
Em São Paulo, a idade de mortalidade altera de acordo com os diferentes bairros da cidade, é o que aponta o Mapa da Desigualdade 2023, realizado pela Rede Nossa São Paulo. Enquanto no distrito de Anhanguera a idade média é de 59 anos, no bairro Jardim Paulista e Itaim Bibi a média do tempo de vida sobe para 82 anos.
A mesma tendência é denunciada no indicador de “homicídios”, em que distritos centrais como Pinheiros, Vila Leopoldina e Barra Funda seguem com suas taxas zeradas; em contrapartida, nos bairros periféricos como Socorro, Cidade Tiradentes, São Rafael e Itaquera, a média de mortes é de 16 pessoas a cada cem mil residentes por distrito.
“Vivemos numa realidade de duas ‘São Paulos’ coexistindo, uma muito rica, tal como uma cidade europeia de referência, e a outra pobre, tal como um país africano paupérrimo”, analisa o diretor da Facesp, Antônio Pedro de Souza.
O levantamento possui 45 indicadores distribuídos em 11 áreas temáticas como educação, saúde, habitação, trabalho e renda, mobilidade, direitos humanos, cultura, esportes, infraestrutura digital, segurança pública e meio ambiente. Realizado desde 2012, nesta edição o relatório ganhou um novo formato, desenvolvido pela primeira vez em ambiente digital que facilita a visualização dos indicadores, a análise dos dados e a comparação entre os territórios da cidade. Acesse no site.
O lançamento ocorreu no dia 28 de novembro no Sesc 24 de Maio e contou com a presença do Coordenador de Relações Institucionais da Rede Nossa São Paulo, Igor Pantoja; Coordenador Geral do Instituto Cidades Sustentáveis, Jorge Abrahão; secretário da Casa Civil de São Paulo, Arthur Lima; fundador do Instituto Ethos e da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew; diretor da Facesp, Antônio Pedro de Sousa; assessora do Ministério da Fazenda para Transformação Ecológica, Carina Vitral; e a cientista social e membro da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial, Manoela Cruz, como mediadora.
“Com 85% das pessoas vivendo nas cidades, entender as desigualdades que afetam as pessoas nessas áreas é algo a ser celebrado, pois a tomada de consciência é o primeiro passo para a mudança”, sinalizou Jorge Abrahão, Coordenador Geral do Instituto Cidades Sustentáveis sobre a importância do Mapa.
O Brasil é o nono país mais desigual do mundo, com o 1% da população mais rica recebendo 32,5 vezes mais que os 50% mais pobres, segundo dados do PNAD (2022 IBGE). O Mapa da Desigualdade contribui para o combate dessas disparidades, fazendo parte do Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, movimento lançado pelas organizações da sociedade civil em parceria com as frentes parlamentares.
O fundador do Instituto Ethos e da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, ressaltou a relevância do Mapa como ferramenta de orientação para a gestão pública. “Saber os números das desigualdades é o passo para entender nossos recursos para combatê-las, pôr força na política e para o povo se mobilizar.”
A Rede Nossa São Paulo é uma organização da sociedade civil que tem por missão mobilizar diversos segmentos da sociedade para, em parceria com instituições públicas e privadas, construir e se comprometer com uma agenda e um conjunto de metas, articular e promover ações, visando uma cidade de São Paulo justa, democrática e sustentável.
O Mapa da Desigualdade contribui diretamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especificamente o ODS 10, redução das desigualdades e o ODS 16, Paz, justiça e instituições eficazes.