MCD lança nota de repúdio contra criminalização de ONGs em CPI
O Movimento por uma Cultura de Doação (MCD) divulgou nota em protesto à instauração da CPI das ONGs, que tem como foco organizações que cuidam de pessoas em situação de rua na região central da cidade de São Paulo
Por Redação
Desde dezembro de 2023, a CPI das ONGs está sendo realizada pela Câmara Municipal de São Paulo a partir de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar organizações sociais e entidades que promovem auxílio a pessoas que vivem na região conhecida como Cracolândia, no centro da capital paulista.
O requerimento inicial mira, principalmente, duas entidades que realizam trabalho comunitário destinado à população de rua e aos dependentes químicos da região: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e no coletivo Craco Resiste.
Uma grande comoção nas redes sociais contra a ofensiva às organizações da sociedade civil tem movimentado o debate, dentre eles, o Movimento por uma Cultura de Doação (MCD), que no último dia 05 de janeiro divulgou uma nota repudiando à imagem criminalizante que a CPI quer trazer para as organizações do terceiro setor.
Confira a nota de repúdio abaixo:
“NOTA DE REPÚDIO CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DE ONGS E DE SOLIDARIEDADE AO PADRE JULIO LANCELLOTTI
O Movimento por uma Cultura de Doação (MCD), grupo articulado com o propósito de fomentar a cultura de doação em nosso país, se posiciona veementemente contra a instauração de mais uma CPI das ONGs, pela Câmara Municipal de São Paulo, e clama para que essas práticas persecutórias operadas por atores políticos cessem, de uma vez por todas.
A atuação das Organizações da Sociedade Civil (OSCs), popularmente conhecidas como ONGs, tem colaborado historicamente com o Estado em ações de desenvolvimento social e econômico, permeando espaços e acessando indivíduos que, muitas vezes, estão invisibilizados e não têm suas necessidades básicas, primordiais à manutenção da vida, contempladas por políticas públicas.
A abertura de mais uma CPI das ONGs, agora em nível municipal na cidade de São Paulo, não é a primeira e, provavelmente, não será a última tentativa daqueles que têm interesse na manutenção dos abismos sociais, de criminalizar política e burocraticamente a luta empreendida pelas OSCs contra o desalento, a pobreza e a fome.
Doar-se ao outro, em uma sociedade que perpetra a cultura do individualismo a fim de fortalecer poucos privilegiados em detrimento dos muitos que são vulnerabilizados, é algo que muitos indivíduos que estão no topo da pirâmide econômica tentam combater.
Para que a dinâmica social e econômica seja saudável, particularmente para aqueles que estão hoje à margem, é imprescindível que os contextos de degradação da humanidade e civilidade sejam transformados positivamente. Esta é a missão de diversas OSCs e do Padre Júlio Lancellotti, que atuam com pessoas em situação de rua e drogadição na cidade de São Paulo.
As Organizações da Sociedade Civil têm força e potencial para continuar gerando impacto social positivo – exemplos robustos recentes são a intensa participação e, muitas vezes, a liderança das OSCs nos recentes contextos de crises pandêmica e/ou climática que temos vivido. Para a execução desse importante trabalho as OSCs batalham arduamente no cotidiano para mobilizar recursos financeiros por meio de doações de indivíduos e empresas, a fim de que ações sejam executadas e as OSCs tenham sua existência garantida.”
Para ler o posicionamento do Movimento por uma Cultura de Doação, acesse o site.
O Movimento por uma Cultura de Doação é uma rede formada por pessoas e organizações que desde 2012 se articulam voluntariamente por meio de campanhas, fundos e iniciativas sociais, no propósito de enraizar a doação como parte de nossa cultura.