Escravizados: mil pessoas no Brasil foram resgatadas de trabalho escravo

O número é referente a 2019 e o meio rural continua concentrando a maior parte dos registros, com 87% dos casos de trabalho escravo contemporâneo no Brasil

A escravidão, infelizmente, ainda existe no Brasil. Apenas em 2019, 1.054 pessoas foram resgatadas em todo o país vítimas de situações análogas ao trabalho escravo. O dado é do Radar da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. Dos 267 estabelecimentos fiscalizados em 2019, 111 tinham trabalhadores em situação análoga à escravidão.

O levantamento também aponta que, no ano passado, o número de denúncias aumentou, totalizando 1.213 em todo o país, enquanto em 2018 foram 1.127.

E agora em 2020 vários casos de trabalho escravo moderno foram descobertos pelas autoridades. O mais recente tinha como vítimas indígenas da etnia Guarani, que foram resgatados no dia 24 de junho, em plena pandemia de Covid-19. Quatro deles eram adolescentes, um com apenas 15 anos.

Os trabalhadores e suas famílias, incluindo seis crianças, viviam em um alojamento precário, pelo qual pagavam um aluguel. Eles também eram obrigados a comprar alimentos superfaturados em um local próximo à fazenda.

Outro caso que chamou a atenção recentemente foi de uma mulher de 61 anos resgatada de uma casa na região do Alto de Pinheiros, zona nobre da capital paulista, por viver em situação de trabalho escravo contemporâneo, além de ter sido abandonada no imóvel pelos patrões, que se mudaram de madrugada e sem avisar.

A empregada vivia no quartinho dos fundos, sem acesso à casa principal, que estava trancada, vazia e à venda, após a mudança dos patrões.

O lugar em que a mulher vivia era uma espécie de depósito. Ela dormia em um sofá sujo e não tinha acesso a banheiro.

Mais dados do Radar da SIT, referentes a 2019

O meio rural continua concentrando o maior número de registros de trabalho escravo contemporâneo, com 87% dos casos: produção de carvão vegetal (121), cultivo de café (106), criação de bovinos para corte (95), comércio varejista (79) e cultivo de milho (67) foram as atividades em que mais se encontraram pessoas em trabalho análogo ao escravo.

O trabalho escravo urbano também fez 120 vítimas, a maior parte na confecção de roupas (35). Também houve registros na construção civil (18), em serviços domésticos (14), construção de rodovias (12) e serviços ambulantes (11).

O Brasil foi um dos últimos países a abolir, oficialmente, a escravidão. Isso ocorreu em 13 de maio de 1888 com a Lei Áurea, um dispositivo legal de apenas dois parágrafos que, formalmente, acabou com a escravidão no Brasil. Mas a verdade é que o país ainda sofre com esse problema.

Fonte: Agência Brasil