Mulheres do sertão baiano criam ateliê em busca de independência financeira
Iniciativa visa capacitar, com cursos de corte e costura, mulheres que vivem em zona rural de Canudos
Por: Mariana Lima
Em busca da independência financeira, principalmente em relação aos maridos e a programas de distribuição de renda, mulheres do sertão baiano uniram-se para criar seu próprio projeto social.
Em março de 2019, surgiu o Ateliê Forte Severina, uma iniciativa que visa capacitar, com cursos de corte e costura, mulheres que vivem em Raso, distrito da zona rural de Canudos.
A proposta é oferecer uma alternativa de renda às mulheres da comunidade, composta por aproximadamente 300 habitantes, que não dispõem de outras oportunidades para sobreviver além do trabalho de subsistência na roça ou de programas sociais. O projeto também visa combater o preconceito contra as mulheres nordestinas sertanistas.
O projeto começou no improviso, sem máquinas, espaço próprio ou professora. Os dois equipamentos que tinham eram emprestados.
Logo, elas ocuparam um espaço cedido por uma escola, e foi uma instrutora da comunidade que ensinou o básico que sabia para 18 mulheres. Inicialmente, as aulas eram de como fazer roupas de bonecas.
O Ateliê foi batizado em homenagem à obra ‘Morte e Vida Severina’ (1955), escrita pelo poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto.
O livro conta a história de um retirante sertanista chamado Severino, que sai de sua terra em busca de uma vida melhor em Recife. No decorrer da obra, ele descobre que a morte é a maior empregadora do sertão e, ao mesmo tempo, descobre a união e a hospitalidade das pessoas.
Atualmente, o Ateliê conta com 13 participantes e 13 equipamentos. Sete máquinas foram adquiridas por elas depois que o Instituto Projeto Canudos decidiu auxiliá-las para expandir a estrutura do projeto.
O Instituto desenvolveu um curso online de corte e costura com as mulheres do Ateliê. O valor da matrícula foi revertido para a compra de sete máquinas de costura.
Para conseguir comprar a matéria-prima (agulhas, tecidos e linhas) para produzirem em grande escala, elas fizeram uma vaquinha virtual.
Fonte: Universa