Nasa alerta: dados sobre desmatamento no Brasil são inquestionáveis
A decisão do governo Bolsonaro de demitir o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, está gerando várias críticas no Brasil e no mundo. Galvão foi demitido por divulgar dados sobre o desmatamento no Brasil, o que, na visão do governo brasileiro, prejudica o país.
A Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal (4CCR) divulgou, no último dia 2, uma nota pública de desagravo ao trabalho realizado pelo Inpe, especialmente em relação ao monitoramento do desmatamento na floresta Amazônica.
“Os trabalhos desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) são de extremo rigor científico e gozam de prestígio e reconhecimento internacionais”, diz a nota. O documento, assinado por Nívio de Freitas, subprocurador-geral da República e coordenador da 4CCR, também afirma que as aferições do desmatamento na floresta Amazônica e os laudos, produzidos há longos anos, “são totalmente confiáveis, e cientificamente inatacáveis”.
Douglas Morton, diretor do Laboratório de Ciências Biosféricas no Centro de Voos Espaciais da Nasa, a agência especial americana, e professor-adjunto da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, também se manifestou contra a demissão. Para ele, a demissão de Ricardo Galvão do comando do Inpe é “significativamente alarmante”, pois “reflete como o atual governo brasileiro encara a ciência”. A declaração foi dada à BBC News Brasil.
Morton vem acompanhando de perto o Brasil nos últimos 18 anos, com foco especial nas fronteiras agrícolas na Amazônia e no Cerrado e na dinâmica do desmatamento, degradação florestal e manejo agrícola após conversão florestal. Em seu laboratório na Nasa, ele conduz pesquisas ecológicas em grande escala usando dados das plataformas aéreas e de satélite, modelos de ecossistemas e trabalho de campo.
“Não acredito que o presidente Jair Bolsonaro duvide dos dados produzidos pelo Inpe, como diz. Na verdade, para ele, são inconvenientes. Os dados são inquestionáveis”, afirma o diretor da Nasa.