No Brasil, 26% das cidades não têm nenhum tipo de delegacia
O número de cidades brasileiras sem nenhuma delegacia saltou de 1.280, em 2014, para 1.464, em 2019
Por: Mariana Lima
Em 2019, mais de 26% das cidades brasileiras não tinham nenhum tipo de delegacia. O número só aumenta: em 2014, as cidades sem delegacia eram 23% do total de 5,5 mil cidades do país.
A ausência das delegacias é maior em alguns estados, como o Piauí, onde, a cada vinte municípios, quinze não têm delegacia. Se a Polícia Civil não alcança todo o país, o atendimento especializado de polícia passa ainda mais longe.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 7% das cidades brasileiras têm delegacias de atendimento à mulher, que atendem vítimas de crimes de abuso sexual e violência doméstica.
Neste mesmo quadro, vem crescendo o número de municípios que contam com a própria Guarda Municipal para atividades de policiamento.
O número de cidades sem nenhuma delegacia saltou de 1.280, em 2014, para 1.464, em 2019.
O estado de São Paulo tem três vezes mais delegacias que o Piauí. Dos 645 municípios paulistas, 627 contam com unidades policiais fixas, o que representa uma cobertura de 95%. No Piauí, são apenas 61 dos 224 municípios, 27% do total.
Contudo, o investimento per capita em segurança pública de São Paulo é duas vezes menor que o do Rio de Janeiro.
Em 2019, o governo paulista gastou R$ 260 em segurança por habitante, o menor valor proporcional entre todos os estados. Já o governo do Rio gastou R$ 563, ficando em quinto no ranking. A média de São Paulo é menor que a nacional, de R$ 452.
Outro aspecto preocupante se refere às delegacias especializadas no atendimento à mulher: apenas sete de cada 100 cidades brasileiras têm ao menos uma. Isso significa que apenas 427 municípios têm o serviço, enquanto 5.123 não têm.
A situação é mais crítica nas cidades pequenas: somente 9 dos 3.670 municípios com até 20 mil habitantes têm uma unidade específica para o acolhimento de mulheres.
Vale ressaltar que o número de mulheres no corpo de agentes da Polícia Civil é, proporcionalmente, duas vezes maior do que o da Polícia Militar.
A cada 100 policiais civis, 28 são mulheres. Já entre os PMs, a proporção é bem menor: a cada 100 policiais, somente 11 são mulheres.
A participação feminina varia de acordo com o estado. No Amapá, por exemplo, a Polícia Militar é a mais feminina de todas, com 22,8% do efetivo composto por mulheres.
É uma proporção nove vezes maior que a da PM do Rio Grande do Norte, onde as mulheres compõem apenas 2,4% da tropa de policiais.
Fonte: Revista Piauí com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública