O 1º lugar no GP do Brasil da F1 também é campeão em solidariedade
Além de liderar protestos antirracistas na F1, o piloto Lewis Hamilton desembolsou 20 milhões de euros para criar uma fundação que visa apoiar grupos sub-representados no Reino Unido, com projetos focados em educação e emprego
O britânico Lewis Hamilton superou todos os obstáculos do fim de semana e venceu o Grande Prêmio de São Paulo da Fórmula 1, que ocorreu na tarde do último domingo (14/11).
Após largar na 10ª colocação, depois de uma penalização por trocar o motor, o piloto da Mercedes ganhou 9 posições e ultrapassou o rival Max Verstappen, que terminou em segundo.
No dia anterior, Hamilton foi penalizado por uma medida milimétrica a mais na asa traseira. Os comissários da F1 afirmaram não ser proposital e sim por um desgaste, mas mesmo assim o britânico perdeu a primeira posição e o recorde da pista, largando em último.
O inglês já tem sete títulos mundiais da categoria e segue em busca do oitavo. Hamilton usa seu sucesso para levantar bandeiras de causas sociais, como a luta contra o racismo e por mais diversidade no esporte.
“Quando comecei neste esporte, sempre busquei entender qual era o meu propósito. E quando comecei, eu era o único piloto negro. Atingi tanto sucesso e tento entender o que isso significa, o que eu vou fazer com isso, e eu percebo que sempre tenho um trabalho a mais a fazer”, afirma o piloto.
Desde 2020, ele lidera os protestos antirracistas na F1. Também é bastante ativo nas redes sociais, nas quais divulga sua participação em ações como o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).
Mais recentemente, ele inaugurou uma fundação para promover o acesso de jovens negros ao ensino de qualidade. “Essa é a maior fonte de orgulho para mim”, diz.
Missão 44
Lewis Hamilton desembolsou £ 20 milhões (R$ 124 milhões) e criou uma fundação para apoiar grupos sub-representados no Reino Unido.
A Missão 44 apoiará “organizações e programas que estreitam a lacuna nos sistemas de emprego e educação, por meio de parcerias, colaborações, doações e defesa”.
“Apoiar as ambições de jovens sub-representados sempre foi importante para mim e a Missão 44 representa meu compromisso em criar uma mudança real dentro desta comunidade”, disse Hamilton.
“No início da minha vida, experimentei em primeira mão como vir de uma origem pouco representada pode afetar seu futuro, mas, felizmente para mim, consegui superar essas dificuldades por meio de oportunidades e apoio. Quero garantir que outros jovens de origens semelhantes sejam capazes de fazer o mesmo.
A fundação usará o trabalho da Comissão de Hamilton, que revelou suas descobertas sobre o motivo da sub-representação dos negros na indústria do automobilismo e destacou as razões sociais.
“A Missão 44 estará empenhada em abordar diretamente algumas dessas questões, mas também entende a necessidade de apoiar outros grupos sub-representados que correm o risco de ser deixados para trás”, acrescentou o comunicado.
O perfil ativista de Hamilton é oposto ao de seu rival nas pistas, Max Verstappen. O holandês também gosta de compartilhar a vida nas redes sociais, mas suas publicações revelam muito mais um gosto por viagens e passeios luxuosos, como nas imagens em que o piloto aparece ao lado da namorada Kelly Piquet, filha do tricampeão mundial Nelson Piquet.
Verstappen se envolveu recentemente em uma polêmica ao se referir à brasileira. Durante uma live, o holandês foi questionado por um fã sobre qual foi a compra mais cara que ele já havia feito na vida. O piloto, então, respondeu: “minha namorada”, o que gerou a revolta de seguidores pelo comentário machista.
Não foi a primeira vez que uma atitude dele não foi bem vista. Na própria F1, ele fez parte do grupo que se recusou a participar dos protestos antirracistas liderados por Hamilton.
Na abertura da temporada de 2020, Verstappen foi um dos seis pilotos que permaneceram em pé enquanto os outros 14 se ajoelharam. Além dele, o monegasco Charles Leclerc, o italiano Antonio Giovinazzi, o espanhol Carlos Sainz, o finlandês Kimi Raikkonen e o russo Daniil Kvyat não fizeram o gesto de protesto.
Fontes: Sky Sports e Folha de São Paulo