Ódio: nordestinos são atacados após votação no 1º turno das eleições
O movimento xenófobo contra nordestinos após resultados eleitorais é visível em praticamente todas as últimas eleições, tendo acontecido com força também em 2014 e 2018 após vitória de Dilma Rousseff. Em 2022, os discursos de ódio retomam após região evitar a vitória de Bolsonaro em primeiro turno no último pleito.
Com vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em todos os estados do Nordeste, diversos comentários preconceituosos contra eleitores da região foram publicados nas redes sociais, vindos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), adversário do petista. O mais curioso é vindo de perfis que se dizem a favor da democracia, mas pregam exatamente ao contrário, insultando quem vota ao contrário do desejado por eles.
Lei Nº 9.459, de 13 de maio de 1997, prevê pena de um a três anos de prisão e multa para quem cometer discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
O movimento xenófobo contra nordestinos após resultados eleitorais se tornou visível em praticamente todas as últimas eleições, tendo acontecido com força também em 2014 e 2018 após vitória de Dilma Rousseff e após a região evitar a vitória de Bolsonaro em primeiro turno no último pleito.
Este ano, a apuração se iniciou por regiões que deram vantagem ao presidente Jair Bolsonaro, como o Distrito Federal e estados do Sul e Centro-Oeste. No final, o Nordeste, somado a quatro estados do Norte (Pará, Amazonas, Tocantins e Amapá) e Minas Gerais, ajudaram Lula a reverter a desvantagem e o deixaram com 48,24% dos votos válidos, contra 43,36% de Bolsonaro.
O comentarista político Rodrigo Constantino publicou uma imagem de um mapa do Brasil em que o Nordeste estava pintado de vermelho, separado do restante do país com uma tarja escrita “Cuba do Sul”. Os brasileiros que vivem no país socialista deram a Bolsonaro apenas um voto. Na legenda, acusou os nordestinos de receberem “assistencialismo.
Ao contrário do que foi apontado por Constantino, assistencialismo é uma prática política de compra de votos, comum na República Velha (1889-1930), em que os políticos coagiam eleitores, seja por ameaças ou por favores, a votarem em seus aliados. Políticas de assistência social e transferência de renda modernas não exigem contrapartidas políticas, sendo feitas em países das mais diferentes linhas ideológicas, defendidas até mesmo por teóricos liberais. Além disso, a atual política de transferência de renda é o Auxílio Brasil, uma repaginação do Bolsa Família, feita pelo atual governo, mas que não necessariamente conquistou eleitorado. Outro tweet apontou para indicadores piores na região nordestina. No entanto, com 9 estados, é impreciso generalizar, pois as qualidades e desafios são diferentes em cada local.
Além disso, o Nordeste colocou quatro estados entre os dez estados brasileiros que mais avançaram no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do ensino médio entre 2005 e 2017, sendo eles Pernambuco, Piauí, Maranhão e Ceará.
A recomendação contra a xenofobia é denunciar; caso veja frases ofensivas ou fake news, denuncie na própria rede social. E vale lembrar que xenofobia é crime no Brasil.
Fonte: UOL