Oito municípios concentram um quarto do PIB brasileiro, segundo Ipea
De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), quase 80% das cidades brasileiros têm PIB per capital abaixo da média nacional
Por: Mariana Lima
O fosso da desigualdade social e econômica brasileira vem se refletindo no desenvolvimento urbano e na riqueza das cidades, segundo um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), voltado à construção de uma Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU).
De acordo com o estudo, apenas oito municípios detêm, juntos, um quarto do PIB brasileiro. E esse número já foi pior: há cerca de vinte anos, eram apenas quatro municípios. Hoje, os municípios com essa concentração são: São Paulo (SP), com 10,2%; Rio de Janeiro (RJ), com 5,2%; Brasília (DF), com 3,6%; Belo Horizonte (MG), com 1,3%; Curitiba (PR), com 1,2%; e, com 1,1% cada, Manaus (AM), Porto Alegre (RS) e Osasco (SP).
Isso significa que um quarto da produção econômica do Brasil está limitada a apenas 0,14% dos municípios. Quase 80% das cidades brasileiras têm PIB per capita abaixo da média nacional, e em metade delas a economia é fortemente dependente do setor público.
O PIB per capita é uma importante alternativa para medir o desenvolvimento econômico de um país. Ao dividir o total de riqueza produzido no território em um ano pelo número total de habitantes, é possível projetar como seria a distribuição de renda num cenário de plena igualdade.
No caso do Brasil, cada cidadão receberia R$ 33.593,82, o equivalente a R$ 2.800 por mês. Entretanto, a realidade do país é muito diferente e a alta concentração de riqueza se reflete também territorialmente: 78% dos municípios brasileiros têm renda per capita abaixo dessa média.
Outro exemplo é observado em Brasília (DF) e Belém (PA), que ocupam polos opostos do ranking nacional em relação ao PIB per capita. O da capital federal, de R$ 85.661,39, encabeça a lista. Isso representa o quádruplo do PIB per capita da capital paraense, que é o mais baixo do país: R$ 21.191,47.
Uma análise da revista Piauí, por meio do projeto =Igualdades, mostra os contrastes entre as cidades. Segundo análise feita pela revista, em 2.739 dos 5.570 municípios brasileiros (49%), a maior parte da riqueza provém da administração pública local.
Eles estão localizados em um grande bloco territorial que parte do Norte de Minas Gerais e abrange considerável parcela das regiões Nordeste e Norte. Nesses locais, onde o capital da prefeitura é o que predomina na formação do PIB – e não o de agricultura, serviços ou indústria, por exemplo –, também são encontrados os menores PIB per capita do país.
Os dados do Ipea analisados pela Piauí revelam que, entre 2002 e 2019, o setor terciário foi, disparado, o que mais gerou empregos formais no país. O número de postos no comércio cresceu 96%, seguido de perto pelo aumento na área de serviços (94%).
Na lanterna do ranking, estão a agropecuária, cuja variação foi de 30%, e a administração pública, com 31%. Construção Civil (82%) e Indústria (40%) completam a lista. No agregado, o emprego formal no Brasil cresceu 66%.
Fonte: =Igualdades | Revista Piauí