Abrigos para refugiados recebem cartas escritas por crianças brasileiras
Iniciativa também envolve a arrecadação de livros para montar 13 bibliotecas nos abrigos de Roraima que recebem refugiados venezuelanos
Por: Mariana Lima
Livros e cartas escritas por crianças e adolescentes brasileiros têm acolhido refugiados venezuelanos em Roraima. A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e o jornal Joca, voltado para o público infantil.
O jornal liderou uma campanha para montar 13 bibliotecas até o final de 2022 nos abrigos de Boa Vista, capital do estado. As obras são coletadas pelos leitores do jornal, ou seja, as crianças brasileiras que doam os livros em português e/ou espanhol. Os doadores precisam deixar uma nota nos livros acolhendo as crianças refugiadas.
O projeto, batizado como ‘Mi Casa, Tu Casa‘, já arrecadou mais de 37 mil livros infantojuvenis e quase 5 mil cartas, que são endereçadas pelas crianças “a um futuro amigo”. E trazem conselhos de todo o tipo, como “no português tem palavras iguais que significam diferentes coisas”, e recomendações para provar açaí, brigadeiro e feijão.
A ideia das bibliotecas surgiu em 2019, quando a fundadora do jornal Joca, Stéphanie Habrich, leu, em um jornal francês, que uma ONG fazia sessões de cinema em campos de refugiados na Jordânia.
Segundo a ONU, 8 mil venezuelanos vivem nos abrigos em Roraima e 47% têm entre 0 e 17 anos. A leitura é uma maneira de aproximá-los da língua portuguesa e fortalecer o processo de interiorização pelo Brasil.
Os livros foram catalogados em São Paulo. Em julho, ao final da campanha, a equipe retornou a Boa Vista para iniciar a montagem das bibliotecas, com o apoio da organização Hands On Human Rights.
A inauguração contou com rodas de leitura e a formação de comitês de jovens refugiados para definir horários de funcionamento e critérios de empréstimo dos livros.
Fonte: Folha de S. Paulo