ONGs passam mais de 120 horas em busca de captação de recursos via editais
Segundo dados da pesquisa realizada pela Iniciativa PIPA, em conjunto com a Phomenta, 80% das ONGs de médio e grande porte obtêm sucesso na captação de recursos via edital, porém, esse número reduz para quase 41% quando se trata de organizações de nano porte (que não possuem nenhuma pessoa contratada).
Por Redação
A Iniciativa PIPA, em parceria com a Phomenta, realizou uma pesquisa entre março e junho de 2023, mapeando as dificuldade que as organizações sem fins lucrativos enfrentam na busca de financiamento via editais. A pesquisa conta com mais de 200 respostas válidas de organizações de tamanho nano até grande porte. Acesse na íntegra aqui
A captação de recursos é a forma que as organizações sem fins lucrativos e coletivos obtêm financiamento para a realização de suas ações. Uma das formas mais conhecidas para essa captação, são os editais, que as ONGs podem se inscrever para obter recursos financeiros, possibilitando a execução de projetos.
Segundo dados da pesquisa, 80% das ONGs de médio e grande porte obtêm sucesso na captação de recursos via edital, porém, esse número reduz para quase 41% quando se trata de organizações de nano porte (que não possuem nenhuma pessoa contratada).
O Observatório do Terceiro Setor conversou com Daiany França, líder do Portal do Impacto; e Gelson Henrique, diretor Executivo da Iniciativa PIPA, durante o programa de rádio Perspectiva. Os dois especialistas analisaram os dados obtidos na pesquisa.
Segundo Gelson, algumas nuances precisam ser repensadas, conversadas e debatidas para que esses recursos presentes nos editais cheguem em quem realmente necessita. A pesquisa aponta que as organizações passam em média 120 horas na tentativa da captação de recursos via editais, e possuem 2 profissionais que atuam especificamente nessa área, mesmo quando são ONGs nanos e minis. Porém, os resultados mostram que o índice de maior sucesso destes profissionais especializados na captação de recursos, vem daqueles que são remunerados, ou seja, para captar recursos, é necessário um investimento financeiro.
Existem muitas ONGs que conseguem captar recursos via edital para a execução de um projeto, porém, por ser um evento ou uma ação localizada, não conseguem se manter para demais iniciativas.
“A flexibilidade da execução orçamentária, é muito importante para a resistência e existência dessas organizações. A partir do momento em que vocês conseguem usar esse recurso, institucionalmente, não só para esse projeto, isso dá uma outra dinâmica, um outro fôlego e um outro trabalho”, diz Gelson. Em sua fala, desta a importância que o formato dos editais sejam repensados de forma que ajudem as ONGs a se manter, e não apenas realizar ações específicas.
O desafio para ONGs menores
O processo de captação de recursos por meio de editais deve ser revisado para que funcione de forma mais eficiente. Os dados disponibilizados pela Iniciativa PIPA, mostram que o processo não está obtendo tanto sucesso entre organizações menores. A pesquisa aponta que, quanto maior o porte da organização, maior o volume de captação. Dentre as ONGs de médio ou grande porte, a captação de recursos via editais é de 25, 81%, já das organizações Nano,17,17%, das Mini 30,24% e das Pequenas , 38,89%.
Diante desses números, Daiany França ainda afirma: “A principal fonte de recursos das organizações de periferia, hoje, são os editais. As grandes organizações não necessariamente captam via edital internamente no país”. Deixando evidente a dificuldade de ONGs minis e nanos de se manterem no Terceiro Setor.
“Temos que avançar sobre a descolonização da forma de distribuir esses recursos. Se é para um bem público, se é para uma mudança social, a discussão de como esse recurso privado será utilizado, é uma discussão pública, coletiva”, afirma Daiany. A especialista indica a importância de uma democratização dos recursos que são destinados a ações e projetos que causam impactos sociais.
A pesquisa também visa ajudar as organizações a captar mais recursos via editais, baseando as justificativas da necessidade de recursos por meio dos dados fornecidos. “Colocar os dados da pesquisa nas justificativas do por que é importante que se apoie essas organizações e iniciativas que estão construindo, ajuda a dar um panorama, e com dados é possível ver a realidade e a necessidade.”
A Iniciativa PIPA trabalha com a democratização dos investimentos sociais privados no Brasil, impulsionando pesquisas e atuando em eventos que visam impactar positivamente as organizações periféricas brasileiras. A PIPA tem como objetivo aumentar a acessibilidade de organizações, coletivos e movimentos aos recursos privados e filantrópicos.
A Phomenta trabalha como uma ponte de contato entre ONGs e organizações e colaboradores para os projetos, além de atuar como uma rede de apoio ao terceiro setor. O projeto visa alavancar o reconhecimento e atuação das ONGs, além de promover um voluntariado corporativo.
Solange Sousa do Espirito Santo
11/10/2023 @ 15:13
Muito interessante esta iniciativa das ogns parcerias.