ONU: fome em Gaza pode configurar crime de guerra
O alto comissário da ONU para direitos humanos, Volker Türk, disse que Israel tinha uma culpa significativa — e que era um caso “plausível” de que o país estava usando a fome como arma de guerra em Gaza. Türk afirmou ainda que se a intenção for comprovada, equivaleria a um crime de guerra.
Após meses de alerta, um relatório recente apoiado pela ONU apresentou evidências estatísticas concretas de que a catástrofe humanitária em Gaza está se transformando em uma situação de fome provocada pelo homem.
O relatório aumentou a pressão sobre Israel para que cumpra suas responsabilidades legais de proteger os civis palestinos — e permitir que fornecimentos adequados de ajuda humanitária cheguem às pessoas que necessitam.
Em entrevista à BBC, o alto comissário da ONU para direitos humanos, Volker Türk, disse que Israel tinha uma culpa significativa — e que era um caso “plausível” de que o país estava usando a fome como arma de guerra em Gaza. Türk afirmou ainda que se a intenção for comprovada, equivaleria a um crime de guerra.
O Ministério da Saúde de Gaza comunicou a morte de 18 crianças em decorrência de desnutrição e desidratação em todo o território desde a semana passada. Sem leite materno ou fórmula, aumenta o risco de doenças potencialmente fatais, como insuficiência renal.
À medida que a situação de fome generalizada aumenta em Gaza, os civis deslocados e os profissionais de saúde disseram que estão passando fome para que os seus filhos possam comer o pouco que há disponível. Se os palestinos encontram água, quase sempre não é potável. As pessoas estão comendo grama para sobreviver.
O ministro da Economia de Israel, Nir Barkat, um político importante do partido Likud, do premiê Benjamin Netanyahu, rejeitou as advertências de Türk, classificando-as como um “total disparate — uma coisa totalmente irresponsável de se dizer”.
Assim como seus colegas de gabinete, Barkat insistiu que Israel estava permitindo a entrada de toda a ajuda oferecida pelos EUA e pelo resto do mundo. Israel alega que a ONU não distribui o que resta depois que o Hamas se beneficia do que chega.
Mas uma longa fila de caminhões carregados com suprimentos de ajuda humanitária, dos quais a Faixa de Gaza precisa desesperadamente, está se acumulando no lado egípcio da fronteira com Rafah. Eles só podem entrar em Gaza por Israel, após uma série de verificações complexas e burocráticas.
A falta de abastecimento adequado forçou a Jordânia, e agora outros países, incluindo os EUA e o Reino Unido, a realizar lançamentos aéreos de suprimentos – a forma menos eficaz de entregar ajuda humanitária.
Palestinos que lutavam em solo para garantir uma parte da ajuda se afogaram enquanto tentavam nadar até pacotes que caíram no mar, ou foram atingidos pelos mesmos quando os paraquedas falharam.
Fonte: BBC Brasil