Pacto Global promove debate sobre o papel da comunicação na pandemia
Em webinar gratuito, especialistas abordaram as adaptações e as novas demandas da comunicação durante a pandemia de Covid-19. Debate também destacou o papel das organizações neste espaço
Por: Mariana Lima
A pandemia de Covid-19 causou diversas mudanças nos mais variados setores, incluindo a comunicação. Entender as novas exigências do cenário para manter o diálogo com o consumidor foi a estratégia adotada pela maior parte das marcas e empresas.
Além disso, nos últimos meses, as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) ganharam destaque, tornando-se importantes aliadas para a imagem comunicacional das marcas.
“O setor social teve um papel muito forte como ponte para aproximação com lideranças comunitárias. Empresas e marcas buscaram esse contato porque também precisam responder à sociedade de forma prática. Isso trouxe a valorização das organizações”, destacou Marcelo Douek, cofundador da Social Docs, empresa especializada em contar histórias de impacto social para clientes.
Para tratar deste panorama, a Rede Brasil do Pacto Global, iniciativa proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) para encorajar empresas a adotar políticas de responsabilidade social corporativa e sustentabilidade, promoveu, na última quinta-feira (20/08), um webinar gratuito sobre o que e como comunicar na pandemia.
A proposta do encontro era abordar como a pandemia vem impactando o mercado da comunicação e como as ações podem influenciar a reputação das empresas nos mais diversos setores.
O evento contou com a participação de representantes da produção comunicacional, como Camilla Massari e Marcelo Nogueira, da AlmapBBDO, Marcelo Douek, da Social Docs, e Ana Domingues Apps, da InPress Porter Novelli.
Como contar histórias em meio a uma pandemia?
O encontro se iniciou com a apresentação da pesquisa ‘E Agora? Como É Que Eu Comunico?’, realizada pela Social Docs, que contextualiza o impacto da crise nas empresas frente ao novo comportamento do consumidor.
“Estamos vivendo um ponto de virada, que é quando acontece alguma coisa e a história não pode mais voltar para o ponto de partida. Precisamos agir e comunicar de uma forma diferente”, defendeu Marcelo Douek, da Social Docs.
Durante a conversa, Marcelo ainda reforçou que as ações das marcas e das empresas que a gerenciam precisam dialogar com a essência de valor que defendem.
“Uma comunicação coerente com a proposta de valor da marca é cada vez mais cobrada. Neste momento, deixou-se de pensar na satisfação dos desejos para focar nas necessidades. A ‘causa’ precisa ser coerente com o trabalho da empresa. Não adianta comunicar algo e ter ações práticas diferentes”, aponta.
Essa visão da ‘jornada do herói’ também foi defendida por Marcelo Nogueira, da AlmapBBDO, agência de comunicação que precisou repensar diversas campanhas quando a pandemia de Covid-19 estourou no país.
“O herói não tem outra escolha. Ele tem que ir na direção da mudança. A diferença é que as pessoas têm esses pontos de virada de forma individual, mas agora estamos passando por um de forma coletiva. As pessoas não vão voltar a ser como eram antes”, pondera.
Entender que não há um retorno possível é o primeiro passo para construir uma mensagem comunicacional assertiva.
“Em um primeiro momento, todas as marcas viraram algo parecido, pois a sociedade precisava ouvir a mesma coisa. Aos poucos, foram entendendo como voltar às suas vozes originais. Estamos nesse processo de definição, no meio do segundo ato. O herói já aprendeu algumas coisas em sua jornada”, exemplifica.
As ações como parte da identidade
Para Ana Domingues, da InPress Porter Novelli, a pandemia mostrou o que tem de melhor e pior na sociedade, potencializando o papel da comunicação empática.
“É uma escuta que promove uma ação. Nosso trabalho é usar a comunicação para impactar os clientes e responder aos anseios da sociedade. Isso nunca ficou tão claro. As empresas geram um valor. Ajudamos os clientes a olharem para as necessidades das pessoas e se movimentarem de acordo com essas necessidades”, aponta.
Promover uma ação para além do discurso é fundamental para que a marca não tenha seu posicionamento invalidado pelos próprios clientes.
“Tem uma regra nas histórias: quanto maior for o desafio, mais os personagens se revelam. Está na hora das empresas se revelarem. A forma como você aborda uma ação é que pode causar atritos com quem vai consumir seus produtos ou serviços. É necessário aliar a verdade com boas histórias”, defende Marcelo Nogueira.