Padre congolês desaparecido sofria preconceito de párocos brasileiros
O padre congolês Quentin Venceslas Kolela, que foi registrado como desaparecido, foi assediado e destratado por párocos.
O padre congolês Quentin Venceslas Kolela, que foi registrado como desaparecido na polícia, foi assediado e destratado por colegas da Congregação dos Agostinianos da Assunção (Assuncionistas), principalmente por não falar português, segundo párocos ouvidos pela TV Globo.
Os colegas de Kolela, que não quiseram se identificar, disseram que o congolês relatou a amigos que estava sofrendo uma pressão psicológica muito grande e que, por isso, abandonou a Paróquia São Judas Tadeu, no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Apesar de ter avisado que estava deixando o grupo, por meio de uma mensagem de texto, e levado a maior parte de seus pertences, ele foi dado como desaparecido pelo líder da congregação, que registrou um boletim de ocorrência.
Kolela, de 40 anos, foi visto pela última vez por volta das 11h15 de 3 de julho, quando saiu da casa paroquial para almoçar e não retornou, de acordo com comunicado divulgado pela paróquia nas redes sociais no dia 15/07.
Apesar de Kolela ter comunicado que estava indo embora, o padre Luís Gonzaga da Silva, Superior Geral dos Assuncionistas no Brasil, registrou seu desaparecimento em um boletim de ocorrência feito no Rio de Janeiro.
“Quando o Kolela saiu de casa, ele enviou uma mensagem dizendo: ‘Estou deixando a congregação estou em outro lugar'”, disse Gonzaga.
Em entrevista ao G1, o padre Gonzaga disse que registrou o desaparecimento de Kolela porque esperava novas comunicações após a sua saída repentina. Gonzaga disse que, em conversa com um delegado amigo seu, surgiu a suspeita de que não teria sido Kolela o autor da mensagem de despedida.
Gonzaga declarou ainda que a preocupação é com o bem-estar de Kolela, que tem o visto de residência no Brasil intermediado pela Congregação dos Agostinianos da Assunção, e que ele precisa comunicar formalmente sua saída da ordem, se for o caso.
Apesar de Kolela ter sido visto pela última vez no dia 3, a Paróquia São Judas Tadeu publicou nas redes sociais o comunicado do seu desaparecimento no último dia 15. No texto, a igreja pede que pistas do paradeiro de Kolela sejam repassadas à Polícia Militar, e não informa que ele avisou, por mensagem, que estava deixando a congregação.
A postagem teve mais de 1,4 mil compartilhamentos e mais de 900 comentários no Facebook, a maioria de fiéis torcendo pela localização de Kolela, mas também alguns questionando sobre a demora em comunicar à comunidade o sumiço do padre.
Fonte: g1