Palestra sobre etnoturismo atrai indígenas de várias etnias do Xingu
A segunda etapa do I Encontro Multicultural da América Latina ocorreu na aldeia Afukuri, no Território Indígena do Xingu, e contou com palestras sobre turismo comunitário e etnoturismo, que é quando o viajante conhece de perto a vida, os costumes e a cultura de um determinado povo
A segunda etapa do I Encontro Multicultural da América Latina, evento produzido pela GoMartins e que conta com o Observatório do Terceiro Setor como um dos apoiadores, foi marcada por palestras sobre turismo comunitário e etnoturismo, que é um tipo de turismo em que os viajantes conhecem de perto a vida, os costumes e a cultura de um determinado povo, especialmente povos indígenas.
As palestras foram realizadas na aldeia Afukuri, localizada no Território Indígena do Xíngu, e teve como palestrantes Odenilze Ramos, ribeirinha da Comunidade do Carão, no Amazonas, e facilitadora de projetos com experiência em turismo de base comunitária; Ilana Cardoso, da comunidade do Quilombo da Mumbuca, que fica localizado no Jalapão (TO); e Gonzalo Casanova, fundador da Karu Channel, portal de turismo indígena das Américas. Larissa Dias Pedroso, responsável pelas mídias sociais do Encontro, também trocou experiências com os indígenas.
As palestras atraíram indígenas de várias aldeias do Xíngu, que é composto pelas etnias Kuikuro, Kalapalo, Matipu, Nafukua, Yawalapiti, Kamayura, Wauea, Mehinaku e Awiti.
Os palestrantes deram dicas sobre o turismo de base comunitária e também ouviram as dificuldades enfrentadas pelos indígenas, como a falta de apoio dos órgãos governamentais. A aldeia Afukuri não tem um posto de saúde e custeia com os próprios recursos o pagamento da internet, que é fundamental na hora de pedir ajuda para uma possível emergência. Nenhuma companhia telefônica cobre a área.
Os indígenas kuikuros, que fazem parte da aldeia Afukuri, querem realizar o etnoturismo. Este tipo de turismo é uma fonte de renda para as aldeias.
Os turistas vão conhecer a cultura dos kuikuros, que produzem seu próprio alimento, com plantação de legumes na aldeia, principalmente mandioca, e vão comer peixes frescos, que os indígenas pescam apenas horas antes para o consumo. Também vão poder nadar no rio Xingu, com a temperatura da água sempre agradável. A Aldeia é cercada por borboletas e aves de todos os tipos.
O artesanato dos kuikuros é outro atrativo. Produzido pelas mulheres, o artesanato inclui brincos, colares e pulseiras com cores, símbolos e animais da cultura representados. Cocar, pentes e outros artefatos também são produzidos pelos indígenas.
Os kuikuros são muitos receptivos e apresentam suas danças, que têm toda uma preparação, com pinturas representativas nos corpos. Os turistas também podem participar e, se quiserem, ser pintados pelos kuikuros.
Com a abertura para o turismo comunitário, os kuikuros darão a oportunidade dos turistas conhecerem a sua cultura e terem uma experiência única em plena floresta Amazônica.
Atualmente, indígenas de todas as partes do Brasil lutam para preservar suas terras e a natureza. E estão em Brasilia, no 18º Acampamento Terra Livre (ATL), considerado o maior encontro de etnias do país.
O principal objetivo é o enfrentamento da chamada “agenda anti-indígena”, composta pelo julgamento do Marco Temporal e por projetos de lei que liberam a exploração de terras, o licenciamento ambiental e o uso de agrotóxicos.