Pássaro vira símbolo de conservação da natureza no Pampa
Ambientalistas e produtores rurais se unem para preservar a natureza do Pampa no Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, e elegem o veste-amarela como símbolo
Por: Juliana Lima
O veste-amarela é um pequeno pássaro com penas amarelas e pretas que vive no bioma Pampa, presente no Rio Grande do Sul e nos nossos países vizinhos Uruguai, Argentina e Paraguai. Ameaçado de extinção, o veste-amarela se tornou símbolo de conservação da natureza na região gaúcha graças ao trabalho de um grupo de fazendeiros.
O Pampa é o único bioma brasileira presente em um único estado, ocupando 63% do território do Rio Grande do Sul. Com sua pouca extensão territorial, cerca de 176,5 mil quilômetros quadrados, ele recebeu o nome de bioma apenas em 2004, e é pouco levado em conta em comparação aos outros cenários naturais brasileiros. No entanto, segundo o Ministério do Meio Ambiente, ele é lar de mais de 3 mil espécies de plantas e centenas de espécies de animais.
Com o avanço das propriedades rurais e de criação de gado, o Pampa também tem sua fauna e flora ameaçada de extinção, como foi o caso do simpático veste-amarela. Segundo um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de 2020, o Pampa tem apenas 33,6% da vegetação nativa.
Foi pensando nisso que a organização SAVE Internacional criou a Alianza Del Pastizal, um grupo de ambientalistas e produtores rurais comprometidos em salvar a natureza, em especial os pássaros, do sul do Brasil e dos países vizinhos.
Para participar, o fazendeiro passa por uma inspeção técnica a fim de garantir que ele mantenha 50% de campo nativo em seu terreno. O veste-amarela, que se tornou símbolo do movimento, entrou na história como um tipo de “medidor” da qualidade ambiental. Quanto mais aves (dessa e de outras espécies) existirem em um local, mais saudável e preservado ele está.
A ideia do grupo é garantir a preservação natural através da agropecuária sustentável, em que a criação de gado é feita juntamente ao manejo responsável da vegetação original, saindo daquele cenário de apenas pasto para um ambiente mais harmônico com bosques e outras espécies de animais. Segundo os produtores rurais, isso garante maior qualidade para o meio ambiente e também é bom para os negócios, já que o consumidor está cada vez mais atento aos impactos socioambientais quando compra novos produtos.
Hoje a Alianza conserva 150 mil hectares de vegetação nativa do Pampa gaúcho, e toda a área conservada está em propriedades particulares de 250 produtores. Quanto ao veste-amarela e seus amigos pássaros já começam a ser vistos em maior número por ali. Segundo o diretor da SAVE Brasil, 266 espécies originais do Pampa já foram encontradas em 30% das propriedades que receberam um levantamento. Entre elas, 13 são ameaçadas de extinção.
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Fonte: UOL ECOA