Pequenas ONGs enfrentam dificuldade para captar através de editais, diz pesquisa
“Pequenas ONGs e a captação via editais” é um estudo da Iniciativa PIPA em parceira com a Phomenta, que será lançado em agosto; a pesquisa aborda as barreiras enfrentadas durante o processo de inscrição em editais.
Por Ana Clara Godoi
O índice de pequenas ONGs que captam recursos por meio de editais é menor que o de grandes organizações, é o que revela a pesquisa “Pequenas ONGs e a captação via editais” da Iniciativa PIPA e Phomenta. O estudo surgiu a partir de uma outra pesquisa da PIPA, que analisou as barreiras que pequenas organizações localizadas em periferias enfrentam para captar recursos no país.
Cerca de 32% dessas ONGs obtém recursos através de editais, mas a maioria (40%) conta com o apoio da comunidade a sua volta para arrecadar doações e manter os projetos funcionando. Ao identificar esta dificuldade, a PIPA entrevistou 268 organizações dos 26 estados e Distrito Federal, para compreender os desafios enfrentados no processo de inscrição de editais, o tempo dedicado à ação e se o valor recebido cobre os gastos do projeto.
De acordo com Lua Braga Batista, coordenadora de pesquisas da PIPA, a ideia da pesquisa é propor uma problematização sobre como o edital tem sido uma barreira para as pequenas ONGs e para as iniciativas de periferias do Brasil, que são majoritariamente geridas e pensadas por pessoas negras, e como o terceiro setor pode elaborar editais menos burocráticos e mais acessíveis, para que o dinheiro chegue na mão de pessoas que estão impactando suas comunidades.
“O problema é que os editais são muito burocráticos, muito concorridos. E por mais que eles [pequenas organizações] recebam informações, nem sempre eles se sentem prontos e aptos para angariar aquele recurso. Não se sentem seguros para competir”, explica.
Segundo a pesquisadora, pequenas ONGs levam de 15 dias a um mês para escrever os projetos, pensar coletivamente com o grupo e depois colocar a iniciativa nas plataformas e concorrer ao dinheiro. Quando são selecionadas, as organizações recebem aporte que representa 75% da renda necessária para pagar os funcionários da instituição, comprar material e aumentar o impacto de seus serviços.
A pesquisa foi feita a partir de um formulário compartilhado nas redes da Iniciativa PIPA e da Phomenta, que ficou disponível durante um mês. Também foram realizadas entrevistas com interlocutores de diferentes regiões do Brasil – as regiões Sudeste e Nordeste registraram maior participação. O estudo será disponibilizado em agosto no site da PIPA e da Phomenta.
A ação está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, um conjunto de metas que promovem uma sociedade mais justa e sustentável.