Professor que falou em morte de até 17 mil crianças admite erro
Durante debate virtual no dia 14 de julho, professor universitário disse que reabertura precipitada das escolas poderia levar à morte de 17 mil crianças até o fim do ano, no Brasil. A fala teve grande repercussão e o professor mandou um e-mail para o Governo de São Paulo admitindo falha
Por: Isabela Alves
O professor Eduardo Massad, que durante uma live transmitida no dia 14 de julho afirmou que 17 mil crianças no Brasil poderiam morrer de Covid-19 caso as escolas reabrissem, enviou um e-mail para o Governo de São Paulo admitindo ter cometido um erro.
O professor, que leciona na faculdade de matemática aplicada da FGV-RJ e é formado em medicina e física, disse que se enganou. Sua projeção indicava, na verdade, que em duas semanas de aula ocorreriam 1.557 mortes. Os números para o médio e longo prazo são incertos, pois dependem de uma série de fatores.
Na mensagem para o governo, ele escreveu que acha que a falha ocorreu na “empolgação da discussão”. A declaração do especialista durante o debate virtual, além de pressionar o governo de São Paulo, que prevê a volta às aulas no início de setembro, causou pânico entre pais em todo o país.
O professor, no entanto, não descarta a possibilidade de que até 17 mil alunos de 1 a 19 anos morram até o fim da pandemia, segundo o jornal Folha de São Paulo. Mas destaca que há “enormes incertezas” e que os os modelos matemáticos “só permitem projeções aproximadas e por curto espaço de tempo”.
Os dados de contaminação partiram dos números atuais da população total brasileira e consideraram a data hipotética de 1º de agosto. Porém, a retomada para as aulas, inclusive em São Paulo, está planejada apenas para 8 de setembro mediante condições.
O professor também não levou em conta a curva da pandemia e nem a suscetibilidade das crianças ao vírus, apontada como baixa por diversas pesquisas internacionais. Estudos já registraram que as mortes nesta faixa etária são raras e são associadas a doenças pré-existentes.
É importante citar que, apesar do medo da contaminação, outros fatores pesam em relação à volta às aulas, como, por exemplo, os pais que voltaram a trabalhar presencialmente e não têm com quem deixar os filhos.
O confinamento também amplia riscos de subnutrição, de violência doméstica, abusos sexuais e pode gerar graves problemas de saúde mental, como o aumento da depressão e dos pensamentos suicidas.
Fonte: Folha de São Paulo