Professora empodera estudantes com literatura de mulheres engajadas
Camile Baccin incentiva seus alunos a lerem obras de autoras que discutem temas como ancestralidade, identidade e racismo
Por: Mariana Lima
A professora de Literatura e Redação Camile Baccin dá aulas em uma escola pública da periferia de Fortaleza (CE) e criou um projeto que usa a literatura como ferramenta para empoderar seus alunos do Ensino Médio.
A ideia de desenvolver o projeto ‘Vozes Mulheres’ veio após apresentar um poema com esse nome, escrito por Conceição Evaristo, para os alunos.
Os estudantes se identificaram com a a realidade tratada no poema, que fala de temas como a ancestralidade, o pertencimento, a identidade e o racismo. Pouco depois dessa leitura, os estudantes começaram a contar suas histórias e as histórias de suas famílias a partir da relação entre identidade e o conteúdo trabalhado.
A identificação não ocorreu por acaso. A maioria dos alunos da escola é de origem periférica, o que fez com que Camile notasse a necessidade de abordar uma literatura mais próxima das vivências dos estudantes.
O objetivo da professora era despertar criticamente seus alunos a partir das relações de sentido estabelecidas entre as figuras do leitor e do escritor.
Assim, o que começou com um poema de Conceição Evaristo logo ganhou novas proporções. Camile indicou outras autoras negras e engajadas com o movimento feminista negro aos seus estudantes, como Angela Davis, Chimamanda Ngozi Adichie e Djamila Ribeiro.
O projeto começou a se estruturar, e Camile organizou seminários, trabalhos artísticos, cartas, leituras e interpretações de contos, além de promover a exposição dos trabalhos pelo espaço escolar.
Em entrevista para o Portal Nova Escola, Camile abordou o crescimento do projeto. “O projeto foi ultrapassando o esperado, alunas e alunos fizeram uma revolução na escola, em todos os espaços havia leitores atentos, agarrados aos livros. Eles liam, se emocionavam, levavam os livros para casa para ler para suas mães, depois vinham me abraçar, contar sobre seus sentimentos”.
A professora também notou que com o envolvimento dos alunos cresceu ao longo do projeto, e eles começaram a explorar os objetivos do projeto através de novas ferramentas, como desenhos, imagens, pinturas, releituras de contos, slam, raps e quadrinhos.
Fonte: Nova Escola