Rua em SP que homenageava torturador agora terá nome da vítima
Rua na capital paulista homenageia Sérgio Paranhos Fleury, um delegado do DOPS durante a ditadura militar, apontado como um dos torturadores do frade católico Frei Tito. Como forma de reparação histórica, rua será renomeada em homenagem a Frei Tito
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sancionou em setembro o projeto de lei aprovado na Câmara Municipal que mudou o nome da Rua Doutor Sérgio Fleury, na Vila Leopoldina, na Zona Oeste de São Paulo, para Rua Frei Tito de Alencar Lima.
Sérgio Paranhos Fleury foi delegado do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS) durante a ditadura militar, na década de 1960. Ele é apontado como um dos torturadores de Frei Tito, um frade católico que foi perseguido durante o regime militar e sofreu sessões de tortura no DOPS.
A proposta aprovada na Câmara foi de autoria dos vereadores Arselino Tatto (PT), Antonio Donato (PT), Jamil Murad (PCdoB), Juliana Cardoso (PT), Reis (PT) e Professor Toninho Vespoli (PSOL).
Com a sanção do prefeito, a rua sem saída que fica numa travessa da Avenida Imperatriz Leopoldina passa a se chamar Rua Frei Tito de Alencar Lima.
Na justificativa do projeto, os vereadores disseram que a mudança de nome é uma “reparação histórica e simbólica” ao religioso, que carregou até o fim da vida as marcas psicológicas da tortura.
“Vivemos tempos difíceis e sombrios, há um movimento de negação da existência da ditadura militar em nosso país, e Frei Tito é prova de que o regime ditatorial não só existiu como a tortura cometida naquele período o levou ao suicídio. É uma reparação histórica que seu nome substitua o do delegado Fleury, um dos seus principais torturadores”, afirmam.
“A mudança do nome era reivindicação antiga dos frades dominicanos, que há anos pediam essa substituição em São Paulo. É a cidade onde o Frei Tito viveu muitos anos e foi torturado. Era inaceitável que tivesse uma rua com o nome de um torturador notável, cruel e bárbaro, como foi o Fleury, ainda nos dias de hoje”, afirmou Frei Betto, amigo de ordem do Frei Tito e responsável pela publicação do livro ‘Batismo de Sangue’ (editora Rocco).
O livro narra as torturas sofridas pelo frade e outros colegas de ordem na época da ditadura militar e ganhou um prêmio nos Estados Unidos, em 1970, por contar as crueldades às quais os opositores do regime eram submetidos no Brasil.
Fonte: g1