São Paulo tem poluição do ar acima do recomendado pela OMS

A poluição do ar da capital paulista permaneceu acima do recomendado pela OMS ao longo dos últimos 22 anos

Por Ana Clara Godoi

A cidade de São Paulo permaneceu acima dos níveis de poluição do ar recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nos últimos 22 anos, segundo nota técnica publicada ontem (26 de maio) pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). Até nos anos de pandemia, os poluentes atmosféricos ozônio (O3), particulado (MP2,5 e 10) e dióxido de nitrogênio (NO2) estiveram acima do que a organização considera seguro para a saúde pública.

A ultrapassagem foi de quatro vezes o indicado em alguns pontos da cidade. Além disso, em 2021, nenhuma estação de monitoramento da qualidade do ar de São Paulo atendeu aos limites estabelecidos pela OMS em relação aos três poluentes.

Segundo David Tsai, gerente de projetos no IEMA e coordenador do estudo sobre poluição do ar na capital paulista, os moradores de São Paulo respiraram ar inadequado nas últimas duas décadas, e quanto maior a concentração desses poluentes, mais a saúde da população é afetada.

A qualidade do ar na região metropolitana de São Paulo tem influência principalmente das emissões veiculares, ou seja, carros, motos, caminhões e ônibus. Os poluentes originados dessas emissões têm efeito agudo e crônico na saúde, podendo desenvolver doenças no sistema respiratório como asma ou envelhecimento precoce.

A OMS estima que 7 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência da poluição do ar no mundo, sendo 300 mil na região das Américas. “O objetivo da nossa nota técnica é alertar a necessidade de se reduzir as emissões de poluentes em São Paulo. Para isso, precisa-se reduzir radicalmente a circulação de veículos na cidade, investindo em transporte público e transporte ativo”, diz Tsai.

A análise de presença dos poluentes na capital paulista foi realizada a partir de dados do Qualar, o sistema de informação da qualidade do ar da Companhia Ambiental do estado de São Paulo (CETESB). Os dados também estão disponíveis na Plataforma de Qualidade do Ar do IEMA.