Tráfico de pessoas: mais de metade das vítimas no Brasil são crianças

O tráfico de pessoas ocorre quando há ameaça, engano ou abuso em uma situação de vulnerabilidade da vítima, com a finalidade de exploração em trabalho análogo ao de escravo, servidão, exploração sexual, adoção ilegal ou remoção de órgãos

De janeiro de 2020 a junho de 2021, o Disque 100 registrou 301 casos de tráfico de pessoas. Destes, 50,1% são crianças e adolescentes e outros 24,9% mulheres. Os dados são do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

“O tráfico de pessoas ocorre quando há ameaça, engano ou abuso em uma situação de vulnerabilidade da vítima, com a finalidade de exploração em trabalho análogo ao de escravo, servidão, exploração sexual, adoção ilegal ou remoção de órgãos”, explica a secretária nacional de proteção global do MMFDH, Mariana Neris.

Integrante da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH/MMFDH), o coordenador-geral do Disque 100, Reinaldo Las Cazas, especifica que o tráfico de pessoas é tipificado em lei no país desde 2016. “Ele se caracteriza como um comércio de seres humanos e acontece quando a pessoa é levada a uma situação de exploração mesmo que de início tenha concordado”, completa.

Em todo o mundo, de acordo com o último Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mulheres e meninas continuam sendo as principais vítimas do tráfico de pessoas (65%). A finalidade de exploração sexual, que envolve principalmente vítimas femininas (92%), representa 50% dos casos.

Ainda segundo o relatório, entre as mulheres vítimas, 77% foram traficadas para a exploração sexual e 14% para fins laborais. Nas situações em que foi identificada exploração do trabalho, o segmento feminino representa a maioria nas atividades domésticas.

Além das informações da Ouvidoria, o MMFDH participou de blitz educativa no Km 37 da BR-020, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania (Sejus/DF), para conscientizar os motoristas sobre a importância da prevenção ao crime. Na ocasião, foram apresentados os serviços oferecidos por meio do Disque 100 e do Ligue 180 e distribuídos materiais informativos, como a cartilha ‘Tráfico de mulheres – Conhecer para prevenir’.

O coordenador-geral de combate ao trabalho escravo do MMFDH, Bruno Tempesta, ressaltou que o crime de tráfico de pessoas também está relacionado ao trabalho escravo. “Nós estamos aqui conscientizando a população, trazendo informações para que as pessoas nos ajudem a denunciar esse crime que ainda insiste em assolar a sociedade. Nosso maior objetivo é levar conhecimento, de forma que as pessoas possam acionar os canais de denúncia e combater este mal”, disse o representante do ministério.

Fonte: Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH)