2,5 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento básico
Para chamar atenção para problema mundial, ONU passa a reconhecer saneamento como direito humano separado do direito à água potável
Desde dezembro de 2015, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece o saneamento básico como um direito humano distinto do direito à água potável.
A ideia da mudança é chamar a atenção das pessoas para o fato de 2,5 bilhões de pessoas ainda viverem sem acesso a banheiros e a sistemas de esgoto adequados ao redor do mundo.
Segundo o relator especial da ONU sobre água e saneamento, o brasileiro Léo Heller, a decisão ajuda a evidenciar que não basta ter acesso à água potável, é preciso também ter outros elementos que formam o saneamento básico.
Em locais onde há ausência de estruturas sanitárias adequadas, há maiores chances de transmissão de doenças infecciosas, como cólera, hepatite e febre tifoide.
Além disso, seja por contrair esse tipo de doença ou por outras razões relacionadas à falta de saneamento e água, milhões de crianças deixam de ir à escola. De acordo com a ONU, o número de dias letivos perdidos todos os anos, no planeta, chega a 443 milhões.
Água potável e saneamento no Brasil
No último Índice de Desenvolvimento de Saneamento, divulgado em 2011, o Brasil ocupa o 112º lugar, em uma lista de 200 países. A nota atingida foi de 0,581, numa escada de 0 a 1, na qual quanto mais próximo de 1, melhor. Entre os países que estão à frente do Brasil estão Equador (0,707), Chile (0,686) e Argentina (0,667).
Vale também destacar aqui o recente surto de microcefalia, que tem afetado bebês, majoritariamente, nascidos em áreas pobres, com condições precárias de urbanização e de acesso à água, como destacaram o engenheiro de Saúde Pública André Monteiro e a médica sanitarista Lia Giraldo da Silva Augusto, ambos pesquisadores da Fiocruz/PE, recentemente, em um artigo publicado no Diário de Pernambuco.
Com as crises hídricas que atingem diversos estados brasileiros, ocorrem rodízios no abastecimento de água, e as pessoas sentem a necessidade de armazenar o máximo possível do recurso em suas casas, o que ocorre, em boa parte das vezes, de forma inadequada. A água é armazenada em baldes, latas e tanques sem vedação, gerando criadouros do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus, possivelmente ligado aos casos de microcefalia.