O Desemprego e suas consequências psicológicas
Depressão, alcoolismo e insônia são os distúrbios que mais têm atingido a população em meio à crise econômica no Brasil
Para o ser humano, o trabalho é mais que uma fonte de renda que sustenta e supre suas necessidades básicas e de lazer. O trabalho é uma forma de o homem se sentir parte da sociedade em que vive; ele se sente útil. Aquele que não trabalha é criticado, estereotipado e sofre diversos preconceitos como aquele que não faz nada, acomodado, ou pior, o “vagabundo”.
A crise econômica que o Brasil está enfrentando nesses últimos anos vem interferindo a cada dia mais no cotidiano dos brasileiros, e não só das classes mais baixas, mas também dos executivos e grandes empresários.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), a taxa de desemprego no Brasil chegou em 11,2% de janeiro a maio deste ano. O índice é o mais alto desde 2012. Em números, a população desempregada é de 11,4 milhões de pessoas.
Quando se trata de grandes empreendedores, 20% dos analistas, gerentes e presidentes de empresas instaladas no país terminaram o ano de 2015 desempregados de acordo com um levantamento da consultoria de recursos humanos britânica, Hays, em parceria com a ESPM.
O desemprego também é a principal causa da inadimplência dos consumidores brasileiros, segundo a pesquisa nacional do Perfil do Consumidor Inadimplente, realizada pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).
De acordo com o levantamento, 41% dos entrevistados não conseguiram pagar as contas em dia. O desemprego tem levado à inadimplência principalmente de famílias que ganham até três e entre três a dez salários mínimos, com 49% e 34% respectivamente, impossibilitando-as de pagarem suas contas regularmente.
Todo esse caos financeiro está gerando problemas não só ao bolso da população, mas também ao psicológico. Problemas de insônia, depressão, alcoolismo, entre outros, estão crescendo de forma preocupante entre os brasileiros.
Depressão e alcoolismo
O último estudo da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), lançado em 2013, mostra os efeitos do desemprego para a saúde psicológica dos trabalhadores. 10,2% dos brasileiros com 18 anos ou mais que estavam fora do mercado de trabalho sofriam de algum tipo de depressão, de um total de 61,8 milhões de pessoas que não trabalhavam, nem procuravam emprego. Enquanto isso, entre as pessoas em idade ativa e que estavam empregadas a taxa de depressão era de 6,2%.
A situação relacionada à mulher é ainda pior quando se trata de depressão. A dupla jornada, com trabalho dentro e fora de casa, faz com que os índices de mulheres que sofrem por causa da doença sejam ainda maiores. Enquanto para elas as médias ficaram por volta dos 10%, para os homens as médias ficaram por volta dos 3%. Os fatores incluem não só a preocupação com o trabalho, mas também com relação à opressão de gênero.
A pesquisa também falou da relação entre desemprego e alcoolismo: o consumo de álcool entre desempregados chega a 20,5% (18 milhões), enquanto entre os empregados fica em 17,6% (15,8 milhões).
Insônia
Outro distúrbio que está ocupando a cabeça e tirando o sono, literalmente, da população é a insônia. Ela atinge cerca de 20% dos adultos no Brasil e no mundo e pode se agravar quando associada a quadros de estresse e de ansiedade, podendo atingir até 50% da população do país. Essa estimativa é do departamento de Neurologia da Faculdade Ipemed de Ciências Médicas, feita pelo neurologista Oswaldo J. Bramussi Pires, professor da instituição.
O Terceiro Setor
Na tentativa de auxiliar a população e oferecer oportunidades para aqueles que estão precisando, algumas organizações sem fins lucrativos estão realizando mutirões de emprego pelo Brasil para diminuir os índices de desemprego, inadimplências e distúrbios psicológicos.
Uma delas é o Instituto da Oportunidade Social (IOS) – que em parceria com o PADEF (Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência), da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (SERT) e da Escola Técnica Estadual (Etec) de Artes – realizou a 6ª edição do Mutirão do Emprego em junho deste ano, em São Paulo. A iniciativa teve como principal objetivo viabilizar o acesso de jovens e pessoas com deficiência ao mercado de trabalho.
O IOS lançou o livro ‘Retratos de oportunidades: o terceiro setor e o desenvolvimento social’, que conta a história de 18 pessoas que passaram pelo instituto e conseguiram mudar de vida através dos cursos de capacitação e pela conquista do mercado de trabalho.
Elaine Cristina
25/11/2021 @ 21:31
Essa matéria é do ano de 2016, mas hoje vejo que o desemprego está ainda pior, vejo isso na minha própria pele: formada e com experiências em Serviço Social e Gestão em Projetos Sociais, com meus 47 anos me encontro desempregada a muito tempo! Envio currículos, falo com algumas pessoas que acreditei que poderiam me ajudar, e nada! Busco oportunidades até mesmo em limpezas domiciliares entre outras. Me encontro em desespero por não ter sequer uma mísera oportunidade, e não é por falta de correr atrás, mas sim porque as oportunidades estão quase extintas nesse país rico e ao mesmo tempo pobre. Lamentável.