Ódio na rede: pesquisa revela a intolerância dos brasileiros na internet
Uma pesquisa realizada pelo blog Comunica que muda mostra a intolerância do brasileiro nas redes sociais. A pesquisa foi realizada pelo segundo ano consecutivo e mostra que, mesmo com um pequeno aumento de menções positivas nas redes sociais, as postagens relacionadas a certos temas ainda são, majoritariamente, negativas, ou seja, expõem intolerância, preconceito e discriminação. Foram analisadas postagens referentes a aparência, classe social, deficiência, homofobia, misoginia, política, idade/geração, racismo, religião e xenofobia.
O levantamento foi realizado nos meses de julho a setembro de 2017, através da plataforma Torabit, capturando e analisando um total de 215.907 menções. A grande maioria das postagens captadas foi da rede social Twitter, que representa mais de 98% do levantamento. O Instagram é a rede que vem na sequência, com 1,5%. Os pesquisadores tiveram dificuldade em analisar postagens da rede social Facebook, porque a maioria dos comentários está visível apenas para amigos de seus autores na rede, o que impede que boa parte dos comentários seja captada.
O maior crescimento no número total de menções, comparando-se com 2016, foi de classe social, mas também com um aumento considerável nas menções positivas, que foram de 2,7% para 20,6%. O resultado, um pouco melhor que em 2016, ainda assusta, já que 77% das menções foram consideradas negativas, contra 84% no primeiro dossiê.
Separados por tipo de intolerância, os comentários captados foram classificados como negativos, quando eram preconceituosos ou reforçavam discursos de ódio; positivos, quando combatiam a intolerância; e neutros, quando não apresentavam um posicionamento claro de quem postava.
O estado que teve a maior quantidade de menções, somando os dez tipos de intolerância analisados, foi o estado do Rio de Janeiro, com mais de 37% do total. Em seguida, vieram São Paulo, com 18,4%; Minas Gerais, com 8,1%; e Rio Grande do Sul, com 4,5%. Os dois únicos tipos de intolerância nos quais o Rio de Janeiro não foi líder de menções foram xenofobia e política, em que São Paulo ficou com a maior quantidade de comentários.
Na pesquisa anterior, foram analisadas 542.781 menções. Entre elas, 97,6% das relacionadas a racismo tinham um teor negativo. Em seguida, vieram as menções negativas relacionadas a deficiência (93,4%).
Outra categorização realizada foi em visíveis ou invisíveis e reais ou abstratas. Na primeira análise, os comentários foram classificados como visíveis, quando a discriminação era explícita e direta, ou invisíveis, quando esse preconceito era mais velado, muitas vezes sem a intenção de ofender, ainda que fossem intolerantes. Nesse quesito, a maior parte das menções foi visível, ou seja, explícita, com 78,4% do total, enquanto os comentários invisíveis, com um preconceito velado, registraram 21,6%.
Para ter uma ideia, na pesquisa anterior 76% das menções sobre deficiência eram visíveis, ou seja, aquela que discrimina direta e explicitamente uma pessoa ou grupo de pessoas. E 24%, invisíveis, que é quando a discriminação aparece velada em algum comentário ou comportamento.
O crescimento das redes sociais nos últimos anos tornou mais evidente o problema da intolerância. De acordo com dados da ONG Safernet, apenas entre os anos de 2010 e 2013, aumentou em mais de 200% o número de denúncias contra páginas que divulgaram conteúdos racistas, misóginos, homofóbicos, xenofóbicos, neonazistas, de intolerância religiosa, entre outras formas de discriminação contra minorias em geral.
O relatório mostra que o mundo virtual se transformou em mais um meio disponível e muito acessível para que os intolerantes se manifestem, às vezes até mesmo incentivando a expressão desses preconceitos. Isso porque se a internet não criou a intolerância, ela a reproduz, aumenta seu alcance e ajuda a naturalizar e a conservar discursos de ódio.
Em uma década, Brasil ficou mais dividido e menos tolerante
25/04/2018 @ 12:18
[…] e menos tolerante. Os pesquisadores perguntaram aos entrevistados se as pessoas estão mais ou menos tolerantes em relação a pessoas com diferentes origens, culturas e pontos de vista se comparado com a […]
Cristiane Solano Segateli
29/03/2021 @ 11:16
Bom dia, o preconceito em nosso Pais sempre existiu, desde o descobrimento do Brasil.
Hoje em dia com a internet, ficou muito mais exposto. Pessoas sofrendo e muitos aplaudindo….