Prefeito de Mariana (MG) garante que será “firme” com Samarco
Em entrevista ao programa de rádio do Observatório, Duarte Júnior falou também da importância de tornar cidade menos dependente da mineração
Desde o último dia 5 de novembro, os olhos do Brasil e de parte do mundo se voltaram para a cidade de Mariana, no interior de Minas Gerais. A atenção, no entanto, veio por uma causa nada positiva: o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração da Samarco e os estragos provocados por isso. Trata-se do maior desastre ambiental da história do país.
Pouco mais de um mês após a tragédia, o Observatório do Terceiro Setor dedicou um programa de rádio inteiro ao assunto, no qual entrevistou o prefeito de Mariana, Duarte Júnior, e especialistas de diferentes áreas para analisar o comportamento da Samarco diante do ocorrido e falar de possíveis caminhos para a recuperação da região.
De acordo com Duarte Júnior, é possível tirar uma grande lição desta tragédia: “As pessoas precisam minerar com responsabilidade. A gente não pode permitir que coisas como essa aconteçam de novo, que a gente perca tantas vidas, que existam tantas falhas de ação da empresa.”
As causas do desastre ainda não foram completamente esclarecidas, mas já se sabe que a barragem apresentava sinais de anormalidade e que outras barragens operadas pela Samarco na região também oferecem riscos.
Outra falha era a inexistência de um sistema que avisasse a população em caso de um rompimento como o que ocorreu. Só após esse desastre um sistema do tipo foi instalado.
Isso sem falar que mesmo um mês depois do acidente a maioria das pessoas que ficaram desabrigadas segue em hotéis e pousadas, quando a empresa responsável pelo que aconteceu já deveria ter entregado novas casas para todos.
O prefeito de Mariana, no entanto, garante que a prefeitura cobrará todo tipo de providência da Samarco. “Nós vamos ser muito firmes e a empresa vai ter que arcar com todos os prejuízos que ela causou às pessoas, ao município e ao meio ambiente. Disso, a gente não vai abrir mão.”
Duarte Júnior também admite que foi um erro das gestões municipais – dele e dos antecessores – permitir que Mariana continuasse tão dependente da mineração. A atividade responde por cerca de 80% da economia local. Agora, de acordo com ele, a ideia é atrair empresas de outros ramos para diversificar a economia.
O prefeito falou, ainda, sobre as contas bancárias que a Prefeitura criou para as vítimas do desastre e que está gerindo junto a uma comissão formada por representantes de grupos como a seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O dinheiro só pode ser aplicado a partir da aprovação dessa comissão e uma das ideias do prefeito para parte do valor arrecadado é criar poupanças para as crianças afetadas para que elas tenham esse dinheiro garantido quando completarem 18 anos.
Conheça a campanha do Observatório para ajudar as vítimas
Outro plano de Duarte Júnior é construir um memorial. “O passado não pode ser apagado. As próximas gerações precisam saber a importância de tomarmos cuidados com a mineração”, enfatiza.
Os outros entrevistados desta edição do programa foram João Amorim, professor de Direito Internacional da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Viviane Schuch, bióloga e uma das coordenadoras do Grupo Independente para Avaliação do Impacto Ambiental do desastre de Mariana (GIAIA); e Carmen Carril, jornalista, especialista em Ética, Filosofia e Política, e autora de livros sobre boas práticas do mercado corporativo.
Ouça o programa na íntegra em: http://goo.gl/1rNYhe.