120 municípios concentram 50% dos homicídios do país, diz Ipea
Isso significa que 2,1% das cidades brasileiras concentram metade dos homicídios cometidos em um ano
Por: Mariana Lima
Divulgado agora em agosto, o ‘Atlas da Violência 2019 – Retrato dos Municípios Brasileiros’ apontou que 50% dos homicídios do país estavam concentrados em 2,1% dos municípios (ou 120 municípios) em 2017. Ao todo, o Brasil registrou 72. 843 homicídios naquele ano.
O estudo foi realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), junto ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública, utilizando a análise de 310 cidades com mais de 100 mil habitantes no país em 2017. A média da taxa de homicídios aumentou, indo de 30 para 41 a cada 100 mil habitantes entre 2007 e 2017.
A pesquisa também revelou que 75% dos municípios menos violentos foram responsáveis por apenas 11,2% dos homicídios registrados naquele ano. Os municípios mais violentos concentravam uma parcela maior da população brasileira, o correspondente a 39,6% do número de habitantes do país em 2017.
O país tem, ao todo, 5.570 municípios. Segundo a pesquisa, metade dos homicídios considerados como os mais violentos ocorriam em 10% dos bairros. Em contraponto ao fato de que 50% dos bairros que pertencem a esses municípios apresentam uma taxa de homicídio praticamente nula.
De acordo com os dados da pesquisa, a cidade mais violenta do país em 2017 foi Maracanaú (CE), com uma taxa de 145,7 homicídios a cada 100 mil habitantes. Cerca de 308 pessoas foram assassinadas na cidade, que possuía 224 mil habitantes naquele ano.
Em seguida vem Altamira (PA) com 133,7 homicídios a cada 100 mil habitantes. Esta é a mesma cidade em que 62 detentos foram assassinados durante uma rebelião em um presídio em julho de 2019.
Em terceiro lugar, aparece São Gonçalo do Amarante (RN), com uma taxa de 131,2. Os municípios mais violentos apontados pelo relatório têm 15 vezes mais homicídios quando comparados aos menos violentos.
Em relação às capitais brasileiras, o crescimento na taxa de homicídios em Florianópolis (SC) chama atenção. Houve um aumento de 70,9% entre 2016 e 2017. Caso semelhante também ocorreu em Fortaleza (CE), com um aumento de 69,5% no mesmo período.
Em contrapartida, houve as capitais que conseguiram reduzir as taxas de homicídio no mesmo período. As duas capitais com maior redução na taxa entre 2016 e 2017 foram Campo Grande (MS), com uma redução de 28,9%, e Cuiabá (MT), com uma redução de 26,3%.
Em 2017, as capitais com as maiores taxas de homicídios foram: Fortaleza (87,9 a cada 100 mil habitantes). Rio Branco (85,3), Belém (74,3) e Natal (73,4).
Já as capitais com as menores taxas são: São Paulo (13,2), Campo Grande (18,8), Brasília (20,5) e Curitiba (24,6).
Outro ponto levantado pelo relatório é a relação entre os indicadores socioeconômicos e as altas taxas de homicídios. Na região Norte, 20,9% dos jovens de 15 a 34 anos não estudam nem trabalham, e estão vulneráveis à pobreza. A região também tem 73,8% de crianças vulneráveis à pobreza.
Esses fatores influenciam diretamente nas taxas de homicídios, segundo o relatório. A região Norte apresenta uma taxa de homicídios de 47%, e a região Nordeste apresenta uma taxa de 49,8%, com 23,1% de jovens de 15 a 24 anos que não estudam e nem trabalham vulneráveis à pobreza, e 81,5% de crianças vulneráveis à pobreza.
Outro fato destacado pelo estudo como justificativa para as altas taxas nestas regiões são: a guerra do narcotráfico, a rota do fluxo das drogas e o mercado ilícito de madeira e mogno nas zonas rurais. Dos 20 municípios mais violentos do Brasil, 18 estão localizados nas regiões Norte e Nordeste do país.
O Atlas da Violência ainda revelou que as cidades com mais de 500 mil habitantes obtiveram uma redução de 4,5% na taxa de homicídios nos últimos 20 anos. Em contrapartida, os municípios pequenos com menos de 100 mil habitantes tiveram um aumento de 113% em relação à violência letal no mesmo período.
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