No Brasil, metade dos homicídios não são resolvidos
Disparidade regional é um problema no Brasil: enquanto alguns estados possuem taxas altas de resolução de casos de homicídios, outros não conseguem bom desempenho por falta de estrutura
Por: Juliana Lima
Uma pesquisa do Instituto Sou da Paz, divulgada no dia 13 de outubro, mostrou que metade dos homicídios no Brasil não são resolvidos. Os pesquisadores analisaram informações sobre assassinatos que ocorreram entre 2018 e foram esclarecidos até 2019. O resultado mostra, principalmente, a disparidade regional do país: enquanto o Mato Grosso do Sul, por exemplo, resolve 89% dos casos de homicídio do estado, o Paraná resolve apenas 12%.
A pesquisa usou dados baseados em informações fornecidas pelos Ministérios Públicos e pelos Tribunais de Justiça dos 26 estados e do Distrito Federal sobre homicídios dolosos (com a intenção de matar) que geraram ações penais.
Para o Instituto Sou da Paz, o saldo positivo é que se notou uma facilidade maior na coleta das informações, se comparado às últimas três edições da pesquisa. Segundo Carolina Ricardo, diretora do instituto, muitos estados forneciam informações incompletas, o que dificultava o cálculo.
“A pesquisa demonstra um avanço; há um aumento gradual no índice de esclarecimento de homicídios no Brasil, que subiu de 32% na última edição para 44% nesta. Essa melhora reflete a maior capacidade de informar os dados e o aumento gradual do esclarecimento de homicídios pelos estados”, afirmou Carolina em entrevista à Record.
O estado do Rio de Janeiro, por exemplo, que havia ficado em último no ranking em 2020, aumentou de 11% para 14% os esclarecimentos, seguido da Bahia, com índices que foram de 4%, na segunda edição, para 22%.
A diretora do Instituto Sou da Paz avalia que a disparidade regional é um problema: enquanto alguns estados têm condições para analisar e resolver os crimes de homicídios, outros não possuem estruturas mínimas nas polícias. Outro ponto destacado é a prioridade de governo. Carolina Ricardo explica com o exemplo do estado de São Paulo, que já foi referência no início dos anos 2000, e hoje estaria em um nível “intermediário” de elucidação dos crimes.
“No DHPP de São Paulo, as investigações dos homicídios demoram, em média, mais de dois anos, e na maioria dos casos, nada concluem”, diz.
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Fonte: R7