Brasil busca vacinação enquanto Bolsonaro insiste na “imunidade de rebanho”

Para Bolsonaro, em vez de investir na vacinação, Brasil deveria apostar na “imunidade de rebanho”, partindo do pressuposto de que após uma primeira contaminação pelo novo coronavírus pessoas desenvolveriam imunidade permanente. Realidade, no entanto, não é esta. Há casos até mesmo de morte após reinfecção

São Paulo e Rio de Janeiro anunciaram que estão antecipando o calendário de vacinação. O governador João Dória, de São Paulo, e o prefeito do Rio prometem que todos os adultos vão estar vacinados até agosto (SP) e setembro. Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro ainda insiste na chamada “imunidade de rebanho”.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na última quinta-feira (17/06), durante uma live, que para efeito de imunização contra a Covid-19 é mais eficaz contrair o vírus do que se vacinar.

A fala de Bolsonaro remete à estratégia da chamada “imunidade de rebanho”, contestada por infectologistas e especialistas em saúde pública.

“Eu já me considero — eu não me considero não, eu estou — vacinado, entre aspas. Todos que contraíram o vírus estão vacinados, até de forma mais eficaz que a própria vacina porque você pegou o vírus para valer. Então, quem contraiu o vírus, não se discute, esse está imunizado”, afirmou Bolsonaro na live, ao lado do deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), ex-líder do governo na Câmara.

Na sexta-feira passada (11/06), em depoimento à CPI da Covid, o médico sanitarista Claudio Maierovitch, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), falou sobre a imunidade de rebanho. Segundo ele, uma estratégia como essa levaria à morte as pessoas mais frágeis. “Rebanho se aplica a animais, e fomos tratados dessa forma”, declarou o sanitarista.

Outro agravamento é que pessoas que pegaram Covid-19 podem se contaminar novamente, e podem vir a óbito. Foi o que aconteceu com a jovem Amanda Carvalho de Lima, de 21 anos, que se recuperou da Covid-19 em junho do ano passado, e morreu no último dia 3, após ser infectada pela segunda vez pelo novo coronavírus.

Na mesma transmissão ao vivo pela internet, Bolsonaro repetiu que será a “última pessoa” a se vacinar no país e falou sobre o “estudo” que pediu ao Ministério da Saúde para desobrigar o uso de máscaras por quem tenha sido vacinado ou contaminado. Outro absurdo, já que pessoas que pegaram a Covid-19 podem se reinfectar e transmitir o coronavírus também.

Seguindo a lógica da ciência, os estados brasileiros continuam a vacinação. No ranking de vacinação por estados no Brasil, considerando tamanho da população, em 1º lugar está o estado do Mato Grosso do Sul; em 2º, o Rio Grande do Sul; em 3º, o Espírito Santo; e em 4º, São Paulo. Os dados são de até 17/06. Até o momento, apenas 14,9% da população adulta do Brasil foi vacinada com as duas doses da vacina.

Fonte: G1 e Folha de São Paulo