Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão
O Brasil foi o último país do continente americano a abolir oficialmente a escravidão, e os negros libertos não receberam nenhum tipo de auxílio do governo para que pudessem sobreviver. Pesquisadores afirmam que, com a falta de oportunidades e o racismo, o quadro de desigualdade perpetuou-se no país e tem reflexos até os dias atuais
A Lei Áurea, oficialmente Lei n.º 3.353, de 13 de maio de 1888, foi a lei que tornou ilegal a escravidão no Brasil. O processo de abolição da escravidão no Brasil foi gradual, e a Lei Áurea foi precedida pela Lei Eusébio de Queirós, de 1850, que proibiu a entrada de africanos escravizados no Brasil; pela Lei do Ventre Livre, de 1871, que libertou todas as crianças nascidas de mães escravas a partir de então; e pela Lei dos Sexagenários, de 1885, que tornou livres todos os escravos com 60 anos de idade ou mais.
O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão, e os negros libertos não receberam nenhum tipo de auxílio do governo para que pudessem sobreviver. Pesquisadores afirmam que, com a falta de oportunidades e o racismo, o quadro de desigualdade perpetuou-se no país e tem reflexos até os dias atuais.
Com a criação do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, a data da abolição acabou ofuscada, uma vez que ela não traduz, segundo os movimentos sociais, o real contexto da história. Os negros continuaram sendo escravizados, trabalhando por um prato de comida e um lugar para poder dormir (senzalas).
Para os libertos, de muitas maneiras sua situação piorou. O governo não organizou nenhum programa para sua integração na sociedade, e foram entregues à própria sorte. A sociedade dominante branca permanecia impregnada de racismo e a discriminação se manifestava em todos os níveis.
A vasta maioria dos libertos permaneceu marginalizada e desprovida de acesso à saúde, à educação, à formação profissionalizante, ao exercício da cidadania e outros benefícios gozados pelos brancos. Muitos perderam seu trabalho e sua moradia e foram obrigados a migrar em busca de novas colocações, que geralmente se revelaram precárias e difíceis. A miséria se tornou comum. A pós-abolição foi o início de um longo processo de luta dos negros por direitos, dignidade, reconhecimento e inclusão, que até hoje ainda não está concluído.
Os negros continuam até hoje sofrendo com o racismo no Brasil, são minorias em acesso à educação e altos cargos. E frequentemente perseguidos em estabelecimentos comerciais por causa da cor da pele. Piadas racistas também são frequentes no país, até mesmo ditas pelo próprio presidente.
O presidente Jair Bolsonaro voltou a usar uma expressão considerada racista em conversa com apoiadores na última quinta-feira (12/05). Ele perguntou a um homem negro se ele pesava “mais de sete arrobas”, unidade de medida usada para a pesagem de gado. “Teu peso é o quê? Mais de sete arrobas, né?”, disse o presidente, em frente ao Palácio da Alvorada.
Na sequência, Bolsonaro lembrou que já foi processado pelo uso da expressão, que inferioriza os negros ao compará-los a animais. Enquanto ainda era deputado federal, ele foi denunciado pela Procuradoria-geral da República (PGR) pelo crime de racismo contra quilombolas, em 2018.
Na denúncia, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que Bolsonaro “tratou com total menoscabo os integrantes de comunidades quilombolas. Referiu-se a eles como se fossem animais, ao utilizar a palavra arroba”.
“Fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles”, disse Bolsonaro à época, durante palestra no Rio.
O presidente já deu outras declarações racistas em conversas na porta do Alvorada. No ano passado, por exemplo, disse que o cabelo “black power” deles era “criador de barata”. No mesmo dia, depois da repercussão da fala, o presidente levou o mesmo apoiador para participar da sua live semanal.
A abolição da escravidão faz 134 anos, mas o Brasil ainda precisa melhorar muito o tratamento dado aos negros no país para poder comemorar a data.
Fontes: g1, Wikipédia e O Globo