Brigadistas voluntários driblam a falta de recursos para combater incêndios
A falta de apoio financeiro e institucional é um dos principais desafios enfrentados pelos brigadistas, que precisam usar recursos próprios para realizar as operações
Por: Mariana Lima
Brigadistas voluntários, juntamente com brigadistas do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e do PrevFogo/Ibama, são essenciais para combater os incêndios que vêm se espalhando pelo biomas brasileiros, executando rapidamente o primeiro combate e evitando que as chamas se alastrem.
O trabalho exige grande esforço físico, como enfrentar sensações térmicas que ultrapassam 250° C e caminhar dezenas de quilômetros por dia em áreas de difícil acesso. Além disso, carece de recursos para garantir uma estrutura mínima, promover a formação de brigadistas, adquirir e manter equipamentos para o combate ao fogo.
Neste cenário, a Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV) é um exemplo para a mobilização em favor da proteção à natureza. Criado em 2019 por líderes de brigadas contra incêndios florestais, o grupo luta para vencer os desafios de manutenção do quadro de brigadistas e de equipamentos, além da falta de apoio.
Atualmente, a rede é composta por 932 voluntários, divididos em 15 brigadas que atuam em oito estados e diferentes biomas, como Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia. Sete novas brigadas aguardam formalização.
Entre os participantes estão professores, agricultores, guias turísticos, comerciantes locais, estudantes e outros cidadãos. Além da exaustão física provocada pela característica do trabalho voluntário que desempenham, os brigadistas ainda precisam conciliar a atividade com o dia a dia.
Apesar da enorme necessidade, a formação desse tipo de brigada ainda é um desafio no Brasil, visto que, na maioria das vezes, é o próprio voluntário que ajuda financeiramente para a manutenção das atividades.
A Brigada Voluntária Ambiental de Cavalcante (BRIVAC) é um exemplo do impacto dessa fragilidade. O grupo atua no município de Cavalcante, localizado ao norte da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, uma das regiões mais afetadas pelas chamas em 2020. Atualmente, usa carros particulares dos brigadistas para chegar aos focos do incêndio.
Para o período crítico deste ano, a brigada contará com seu primeiro veículo próprio. Em setembro, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza – que mantém em Cavalcante uma reserva natural desde 2007 e considera o território como estratégico para a sua atuação – oficializou a doação de recursos para a compra de um veículo apropriado para o deslocamento dos brigadistas e equipamentos.
Além das brigadas voluntárias, existem as brigadas oficiais do governo federal. As do Ibama, que atuam dentro de áreas protegidas, evitando incêndio em territórios indígenas e quilombolas; e as brigadas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que atuam dentro de unidades de conservação federais.
Fora isso, alguns estados têm brigadas próprias, normalmente associadas à Defesa Civil ou ao Corpo de Bombeiros.
Mulheres indígenas combatem incêndios para proteger suas aldeias
25/04/2022 @ 08:00
[…] o corte de orçamento para combate a incêndios florestais, mulheres indígenas passam a atuar como brigadistas para proteger suas aldeias e a floresta do fogo. Uma dessas mulheres é Sonia Barbosa, da aldeia […]