Criança morre queimada após família fazer ritual para curar gripe
Criança de apenas 5 anos morreu queimada durante ritual após líder espiritual usar álcool em um ambiente com velas. Família mineira procurou o local por a criança apresentar uma gripe persistente
Após uma criança de 5 anos apresentar uma gripe persistente, sua família, que mora em Frutal, no estado de Minas Gerais, decidiu buscar o auxílio de um líder espiritual. O resultado não poderia ter sido pior: a pequena Maria Fernanda Camargo morreu após ter seu corpo quase totalmente queimado em um ritual, segundo o advogado José Rodrigo de Almeida.
O episódio, que aconteceu no dia 24 de março, é investigado pela Polícia Civil mineira e levou à prisão temporária da mãe, tia e avós da criança na quarta-feira passada. O líder espiritual responsável pelo ritual que matou a criança queimada também foi preso na operação, batizada de ‘Incorporação da Verdade’.
De acordo com Almeida, que defende apenas os parentes de Maria Fernanda, a morte da criança foi um acidente, e a família não tinha intenção de machucar a menina. Segundo ele, a família estaria sendo vítima de preconceito religioso.
Segundo a versão do advogado da família, o médium teria feito a benção combinada. Depois, a tia e a mãe de Maria Fernanda deixaram o aposento em que o ritual se realizava e, quando retornaram, o líder espiritual havia incorporado uma nova entidade. Ele, então, pediu uma bacia e um álcool com ervas usado em cerimônias de cura.
“Quando ele passou o álcool na cabeça da menina, a mãe disse: álcool não”, afirmou o advogado.
O líquido inflamável teria sido espalhado pelos cabelos, ombros e mãos da menina. A proximidade com uma vela teria provocado o início do fogo, que rapidamente tomou conta do corpo de Maria Fernanda. A mãe teria se jogado sobre a filha para apagar as chamas e acabou com queimaduras de 1º e 2º grau quando sua calça jeans foi incendiada. Os avós extinguiram as chamas da criança com auxílio de um tapete.
A primeira versão apresentada pela família era que a menina tinha se ferido em um acidente na churrasqueira da casa dos avós — o que, de acordo com Almeida, havia ocorrido com uma prima de Maria Fernanda anos atrás. A motivação para a mentira, segundo o advogado, era evitar o preconceito religioso. A família contou a verdade após o líder espiritual ter dado sua versão dos fatos.
De acordo com o delegado Murilo Antonini, a participação dos familiares da vítima é investigada como um possível caso de homicídio com dolo eventual, que ocorre quando os agentes do crime assumem os riscos de cometê-lo através de suas ações.
Fonte: Portal IG