Culpa da vítima? Indígenas sofrem com queimadas e ainda são acusados
Enquanto alguns povos indígenas sofrem com grandes perdas em seus territórios, presidente brasileiro insinua em Assembleia da ONU que eles são culpados pelos incêndios que estão destruindo as florestas brasileiras. Investigações já mostram que incêndios foram causados por ação humana, mas não há nada ligando problema a indígenas
Os indígenas estão entre os grupos mais prejudicados pelas queimadas que destroem as florestas brasileiras. A floresta é onde os povos indígenas vivem, cultivam e se alimentam. Com a destruição da floresta, os indígenas ficam sem lar e sem alimentos.
A Terra Indígena Baía dos Guató, localizada em Barão do Melgaço, em Mato Grosso, teve 83% do território perdido no incêndio que está devastando o Pantanal. De acordo com um cálculo feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV), foram 16 mil hectares devastados até o momento.
Os povos indígenas afetados são a população mais antiga a morar na região. Agora eles sofrem por conta da escassez de água, falta de luz, assistência médica precária e desemprego. Entre os produtos que foram destruídos pelo fogo estão as plantações de banana, mandioca, cana, abacaxi, entre outros.
A única água acessível, parada e enlameada, tornou-se a única forma de sobrevivência para humanos e animais. No local, também não há profissionais da saúde para cuidar da população. Em justificativa, os órgãos públicos afirmaram que houve um corte de verbas por conta da pandemia.
Este foi o pior incêndio já registrado no Pantanal. Segundo dados do Ibama, do início de janeiro até o dia 13 de setembro, o bioma perdeu 2.916.000 hectares, o equivalente a 19,4% do total. O lado de Mato Grosso é o mais atingido, com 1.742.000 hectares destruídos.
De acordo com as perícias do Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT), os incêndios que atingem a região do Pantanal mato-grossense há cerca de dois meses foram provocados por ação humana. Os incêndios estão deixando um rastro de destruição e animais mortos.
As perícias identificaram queima de pasto, fogo em raízes de árvore para retirar mel de abelha e incêndios em máquina agrícola e em veículo. Outras causas estão sendo investigadas pela Polícia Federal e órgãos estaduais de Mato Grosso.
No entanto, no discurso na abertura da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro acusou caboclos e indígenas de causar as queimadas que estão destruindo as florestas brasileiras.
“Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas”, disse, sem demonstrar qualquer comprovação sobre a declaração.
O presidente foi criticado por sua fala imediatamente. Uma das entidades que se manifestaram foi o Observatório do Clima. Composta por 50 organizações não governamentais e movimentos sociais brasileiros, o Observatório do Clima disse que o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU foi um “novo delírio” e “expôs o país de forma constrangedora”.
Fontes: Congresso em Foco, Agência Brasil e Revista Globo Rural
Assembleia da ONU: Papa diz que indígenas e a Amazônia correm perigo
28/09/2020 @ 16:04
[…] de uma campanha “brutal” de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. Ele afirmou que a floresta Amazônica é úmida e só pega fogo nas bordas e que os responsáveis pe… O discurso foi criticado em todo o […]
Yeert
23/10/2020 @ 21:28
Texto com tendências políticas. Gostaria de ter lido um texto imparcial. Se pelo menos tivessem trazido um índio pra comentar… eu aceitaria.
Além disso, sobre o comentário acima (ou abaixo), é óbvio que a floresta amazônica é úmida. Com todo o respeito, parece que até o Biroliro sabe mais que você nesse aspecto. Portanto, não tem moral para falar que o Bolsonaro fez uma campanha brutal de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal.