Barbárie: em 1 ano, 170 crianças de 0 a 4 anos foram assassinadas no Brasil
Ao todo, 6.122 crianças e adolescentes tiveram mortes violentas em 2020, no Brasil. São quase 17 mortes por dia. 267 crianças tinham até 11 anos
A violência contra crianças aumentou durante a pandemia, conforme demonstra o 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2020, ocorreram quase 4% mais mortes violentas de crianças e adolescentes do que em 2019.
Ao longo do ano passado, 267 crianças na faixa etária de 0 a 11 anos foram assassinadas, das quais 170 tinham até 4 anos. Além disso, 5.855 crianças e adolescentes de 12 a 19 anos foram vítimas de mortes violentas intencionais.
Isso significa que, ao todo, mais de 6.122 crianças e adolescentes morreram por causas violentas no país em apenas um ano. Se comparado ao ano de 2019, esse número significa um aumento de 3,6% nas mortes violentas, sendo que o grupo etário de 0 a 11 anos apresentou aumento de 1,9% e o de 12 a 19 anos, aumento de 3,6%.
Há mais de dois anos, portanto, morrem assassinadas, quase 17 crianças e adolescentes por dia no Brasil. Isso corresponde a uma morte de criança a cada menos de 2 horas.
A distribuição do sexo demonstra que a maior parte das vítimas em todas as faixas etárias é do sexo masculino. No entanto, há maior igualdade nos grupos etários menores.
Enquanto entre 0 e 4 anos os meninos são 59% das vítimas e entre 5 e 9 anos, 52%, na faixa etária de 10 a 14 anos esse percentual passa para 77% e entre 15 e 19 anos o sexo masculino passa a representar mais de 90% das vítimas. Possivelmente, esse dado é um primeiro indicador de que os crimes que vitimaram crianças menores têm naturezas diferentes daqueles em que morreram crianças mais velhas.
Os dados de raça/cor das vítimas também apontam variação de acordo com a faixa de idade. Em todos os grupos etários, os maiores percentuais são de vítimas negras. Na faixa de 0 a 4 anos, esse percentual é de 45%, enquanto as vítimas brancas representam 32% do total e os demais 24% são classificados como “outros”. Já nas faixas etárias seguintes de 5 a 9 e 10 a 14 anos, os negros passam a representar entre 73% e 74% das vítimas e os brancos representam 23% e 18%, respectivamente, e há uma oscilação no percentual de “outros”. Na faixa etária de 15 a 19 anos, os negros representam 80% das vítimas e os brancos, 14%.
Nas faixas etárias de 0 a 4 anos e 5 a 9 anos o segundo crime que tem mais vítimas é a lesão corporal seguida de morte (entre 5% e 6%) e não existe registro de mortes decorrentes de intervenção policial. Nos grupos etários seguintes, os homicídios dolosos passam a ter menor participação na distribuição e as mortes decorrentes de intervenção policial têm crescimento desproporcional em relação aos outros tipos de crime. As mortes por intervenção policial passam então a representar 6% e 15% das mortes de vítimas de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos, respectivamente.
O Anuário mostra também que o número de armas com civis dobrou nos últimos três anos, o que facilitou esses assassinatos. Na maioria dos casos, os homicídios de crianças foram cometidos por pais, parentes ou pessoas próximas à criança.
Fonte: 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública