Equipe salva filhote de queixada vítima dos incêndios no Pantanal
Equipe formada por veterinários e voluntários correram contra o tempo para salvar animais acometidos pelos incêndios do Pantanal
Por: Júlia Pereira
Sob o forte sol matogrossense, um grupo de queixadas se encontra no lamaçal, um refúgio para o calor do Pantanal arrasado pelos incêndios.
Entre os animais está Benta, filhote desse porco selvagem, com apenas alguns meses de vida, que permanece ao lado da mãe à beira da poça de lama.
Em entrevista à BBC News Brasil, Roched Seba, diretor do Instituto Vida Livre, conta que Benta estava ao lado da mãe já sem os cascos (cobertura que protege os dedos). A ONG, sediada no Rio de Janeiro, trabalha na reabilitação e soltura de animais em situação de risco.
O diretor faz parte de um mutirão de veterinários e voluntários que viajou ao Pantanal para salvar animais do fogo a partir da campanha “Pantanal em chamas”, lançada pela ONG Ampara Animal e Ampara Silvestre.
Ele explica que o desespero para fugir do fogo fez com que os animais entrassem no lamaçal à noite. Pela manhã, com a lama seca, acabaram ficando presos, sem forças para conseguir sair. O cansaço e mutilações ocasionadas pelo fogo acabam fazendo com que muitos morram ali.
A equipe conseguiu salvar Benta. Já a mãe, acabou morrendo.
A bebê queixada foi cuidada pela bióloga e veterinária Mariana Machado, de São José dos Campos, no interior de São Paulo, em uma base instalada no município de Barão de Melgaço.
Machado é especialista na reabilitação de animais silvestres e também se voluntariou para salvar animais do fogo do Pantanal.
Em entrevista, ela explica que, no primeiro momento, a equipe trabalhou com várias terapias, como a ozonioterapia, utilizada para acelerar o processo de cicatrização das lesões e que também atua como estimulante do sistema imunológico.
A veterinária conta que, em pouco tempo, foi possível observar uma melhora significativa, com início do crescimento do novo casco do animal, processo que poderia ter levado 60 dias caso a equipe não tivesse aplicado o tratamento.
Em paralelo ao tratamento, os profissionais e voluntários voltaram ao local do resgate várias vezes para acompanhar o movimento do bando. Vários animais precisaram ser eutanasiados (morte assistida) no momento do resgate para cessar o sofrimento, já que não tinham chances de recuperação.
Quase um mês depois do resgate de Benta, a veterinária diz que ela deve ser solta em breve, pois já apresenta um comportamento muito próximo do natural e está sem curativos.
Benta ganhou o nome de Roched Seba: “bendita ela no meio daquela desgraça toda”.
Fonte: G1