Exame de sangue pode detectar vários tipos de câncer precocemente
O estudo é inovador por detectar a doença nos seus estágios iniciais, quando a quantidade de câncer no sangue é mínima
Por: Isabela Alves
Especialistas apontam que as mortes por câncer ocorrem principalmente porque muitos pacientes descobrem a doença em estágio avançado. Nessa situação, os tratamentos, como quimioterapias e cirurgias, não surtem o mesmo efeito.
Tentando mudar essa realidade, um estudo publicado pela revista científica Science mostrou que é possível detectar diversos tipos de câncer usando apenas os exames de sangue. A pesquisa também identificou que é possível localizar os tumores a partir de imagens para que o paciente consiga se tratar antes que eles progridam para estágios mais agressivos.
O novo exame, batizado de DETECT-A, analisa nove proteínas, chamadas de marcadores tumorais por serem produzidas por células cancerosas, e 16 genes que estão envolvidos na transformação de células saudáveis, pois quando um gene acumula mutações, a chance de surgir tumores aumenta.
Ainda, este exame é capaz de rotular corretamente como negativo um caso de pessoa com a doença, o que faz com que menos pessoas sejam expostas desnecessariamente a riscos como a radiação da tomografia, a procedimentos cirúrgicos, além de lidar com o estresse de um diagnóstico incorreto.
Para realizar o estudo, cerca de 10 mil mulheres americanas, com idade entre 65 e 75 anos, foram recrutadas. Este perfil foi o selecionado porque ainda não existem exames que rastreiem precocemente o câncer de ovário, e é nesse período da vida que muitas mulheres lidam com a obesidade, pressão alta e diabetes, o que atrapalha o desempenho dos métodos diagnósticos.
É válido ressaltar que em alguns países, como os Estados Unidos, essa estratégia já é utilizada para monitorar tumores de pulmão, mama, próstata e intestino. No entanto, esse novo estudo é inovador por detectar a doença nos seus estágios iniciais, quando a quantidade de câncer no sangue é mínima.
A pesquisa deve continuar acompanhando as pacientes pelo período de cinco anos. Os testes também devem ser expandidos para contemplar a diversidade étnica, e homens também devem ser incluídos em etapas futuras.
Diversos pesquisadores de instituições americanas como a Universidade Johns Hopkins, a Geisinger Health (prestadora americana de serviços de saúde), Universidade Emory e Thrive Earlier Detection Corp estavam envolvidos na pesquisa.
Fonte: Folha de São Paulo